O anúncio informal de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pode disputar a Presidência em 2026 provocou, nos últimos dias, a maior onda de vendas nos mercados financeiros brasileiros em quatro anos. A reação incluiu fuga de investidores de ações, real e títulos públicos, elevação acentuada do dólar e dos juros futuros.
Operadores atribuíram o movimento ao temor de que a candidatura facilite um quarto mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O aumento da probabilidade de “Lula 4”, segundo agentes do mercado, tende a encarecer as condições financeiras enquanto o atual governo ainda está em curso.
Integrantes do Centrão relatam que não houve articulação prévia para lançar Flávio Bolsonaro e que o gesto partiu do ex-presidente Jair Bolsonaro sem consenso entre as legendas aliadas. O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, afirmou nas redes sociais que a combinação original era apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sem citar diretamente a família Bolsonaro.
No PP, o senador Ciro Nogueira não se pronunciou. Já o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, disse ter tomado conhecimento de “Flávio 2026” pela imprensa, indicando surpresa. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, também se manteve em silêncio.
Líderes do Centrão avaliam que, se Flávio permanecer pré-candidato sem avançar nas pesquisas, duas consequências são prováveis:
Imagem: redir.folha.com.br
Ratinho Jr. é visto por parte do empresariado e de técnicos que ficaram sem espaço político desde o declínio do PSDB como um nome capaz de unificar a direita fora do PL e atrair eleitores de centro. Até o momento, não há articulação formal para lançá-lo.
A turbulência desta semana evidenciou que qualquer aumento na chance de um novo mandato de Lula pressiona preços de ativos, dizem analistas. Fatores externos favoráveis e juros internos ainda elevados em 2026 podem amortecer o impacto no início do próximo ano; contudo, a permanência de “Flávio 26”, a desagregação entre partidos de direita e a falta de sinalizações claras de Lula sobre política fiscal podem tornar 2025 um período de maior instabilidade.
Investidores lembram que a confiança no compromisso do presidente com as contas públicas permanece baixa, o que eleva a sensibilidade do mercado a acontecimentos políticos.