Baterias de íon-lítio ganham espaço e já sustentam redes elétricas em vários países

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Baterias de íon-lítio de porte industrial, instaladas em contêineres, estão se tornando parte crucial da infraestrutura elétrica mundial. Esses equipamentos armazenam energia em horários de baixa demanda e a devolvem quando o consumo aumenta, reduzindo a necessidade de usinas e linhas de transmissão adicionais.

Primeiros testes e virada tecnológica

Conectada em 2009 no Deserto do Atacama, perto de Antofagasta (Chile), a primeira bateria comercial desse tipo mostrou que o recurso poderia estabilizar redes elétricas. O projeto foi desenvolvido pela AES, companhia sediada na Virgínia (EUA), que também havia realizado ensaios em Indianápolis, Norristown (Pensilvânia) e região de Los Angeles a partir de 2008.

Na época, executivos do setor consideravam as baterias caras e arriscadas. O cenário começou a mudar após sucessivos resultados positivos, liderados por equipes como a de Joaquín Meléndez, responsável pela instalação chilena, e Christopher Shelton, executivo da AES que propôs usar baterias no lugar de usinas dedicadas apenas a picos de demanda.

Queda de custos e expansão global

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o preço das baterias caiu 90% nos últimos 15 anos, viabilizando a rápida disseminação da tecnologia. A China domina a fabricação, mas Estados Unidos, Europa e Índia também ampliam a produção.

O diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, afirmou recentemente que “as baterias estão mudando o jogo diante dos nossos olhos”.

Califórnia evita apagões

O estado norte-americano adicionou, desde 2018, capacidade de armazenamento 30 vezes maior, o que eliminou pedidos para que moradores reduzissem o uso de eletricidade em dias quentes desde 2022. As baterias permitem aproveitar a abundante energia solar californiana mesmo após o pôr do sol.

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Imagem: toda parte via redir.folha.com.br

Origem da demanda chilena

No início dos anos 2000, o Chile enfrentou escassez de gás natural, então importado da Argentina. Com usinas a carvão lentas para responder a variações nas mineradoras de cobre, iodo e lítio, as baterias passaram a fornecer eletricidade quase instantânea até que as térmicas atingissem potência plena. Em dezembro do ano passado, 40% da eletricidade chilena veio de fontes solar e eólica, contra 19% cinco anos antes, de acordo com a Ember Energy Research.

Resistência inicial

Carla Peterman, ex-comissária de energia da Califórnia e hoje vice-presidente da Pacific Gas & Electric, lembra que o setor pouco conhecia o armazenamento por bateria. “Era a questão do ovo ou da galinha: não havia volume instalado para provar que seria parte significativa do sistema”, disse.

Apesar disso, projetos como o do Atacama mostraram resultados imediatos, evitando quedas de energia causadas por picos de demanda nas minas. Desde então, Austrália, Reino Unido, China, Índia e outros mercados passam a combinar baterias a painéis solares e turbinas eólicas.

“Nós subestimamos o quanto os preços cairiam”, reconheceu Shelton, ao comentar a expansão atual do armazenamento de energia.

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