WASHINGTON, — O Federal Reserve reduziu, na tarde de quarta-feira, a taxa básica dos Estados Unidos em 25 pontos-base, para o intervalo de 4% a 4,25%, no primeiro corte de juros do ano. A decisão, porém, foi considerada tímida por integrantes do governo Trump, parlamentares e profissionais do mercado imobiliário, que defendiam um ajuste maior.
Em entrevista ao programa “Mornings with Maria”, o conselheiro sênior para comércio e manufatura Peter Navarro afirmou que a política monetária atual “congelou” o mercado imobiliário e manteve o sonho da casa própria fora do alcance de muitos americanos.
“Estamos, no mínimo, 100 pontos-base acima do nível adequado. Isso prejudica o balanço comercial, quem tenta obter um financiamento e paralisa o setor habitacional”, disse. Para Navarro, o Fed deveria ter realizado um corte de 50 pontos-base agora e outro de igual magnitude na próxima reunião. Ele classificou a atuação do presidente do banco central, Jerome Powell, como “um desastre” e atribuiu as decisões a motivações partidárias, chamando a situação de “incompetência”, não de independência.
O mercado já esperava a redução: a ferramenta FedWatch, da CME, apontava 96% de probabilidade para um corte de 25 pontos-base e 4% para uma redução de 50 pontos-base. Ainda assim, vozes dentro do Congresso e do setor imobiliário insistiram em uma flexibilização mais agressiva.
O presidente do Comitê Bancário do Senado, Tim Scott (republicano da Carolina do Sul), relatou ter discutido o tema com o membro do Conselho do Fed Stephen Miran. Segundo o senador, “uma taxa de juros mais baixa” é o principal fator que falta para avançar a agenda econômica do presidente.
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No mercado imobiliário, Joe Azar, agente e diretor da Douglas Elliman em Miami, declarou que um corte entre 25 e 50 pontos-base seria “ideal” e poderia impulsionar as vendas. “Se a redução for confirmada nesta tarde, o comprador final economiza e aumenta seu poder de compra”, afirmou. Ele observou que clientes acompanham também os rendimentos dos Treasuries de 10 e cinco anos e que a ação do Fed afeta diretamente os financiamentos com taxa ajustável.
Paralelamente, a Casa Branca avalia declarar emergência habitacional nacional, em razão dos juros elevados, da burocracia e do aumento dos custos de construção. Especialistas do setor alertam que a falta de acessibilidade ameaça o chamado “sonho americano”.
Apesar das críticas, o Fed argumenta que o corte ocorre em meio a sinais de inflação pressionada por tarifas e a temores sobre o mercado de trabalho. Outros economistas, como o ex-subsecretário do Tesouro David Malpass, advertiram que juros altos continuam afetando pequenas empresas e mutuários imobiliários.