Venezuela concentra a maior reserva de petróleo do mundo, mas responde por apenas 1% da oferta global

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A Venezuela abriga mais de 300 bilhões de barris de petróleo — cerca de 17% de todas as reservas comprovadas do planeta — superando Arábia Saudita, Rússia e Estados Unidos. Apesar desse volume, o país responde hoje por apenas 1% do consumo mundial de petróleo bruto.

Reservas abundantes, produção limitada

Dados da publicação especializada Oil & Gas Journal indicam que o território venezuelano contém a maior quantidade de petróleo recuperável do mundo. Para efeito de comparação, os Estados Unidos, líder em produção, possuem cerca de 81 bilhões de barris de reservas comprovadas.

Nos anos 1990, a Venezuela fornecia quase 5% do petróleo global. A produção despencou após décadas de má gestão, cortes de investimento, sanções norte-americanas e desafios técnicos para extrair o petróleo pesado característico do país.

Impacto das sanções e mudanças de mercado

Os EUA eram o principal destino do petróleo venezuelano até 2019, quando o primeiro governo Donald Trump proibiu negócios com a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA). O fluxo para refinarias norte-americanas foi retomado em 2023, mas em pequena escala. Atualmente, a maior parte das exportações segue para a China.

Presença estrangeira restrita

A indústria venezuelana alternou períodos de abertura e de forte controle estatal. Quase vinte anos atrás, o então presidente Hugo Chávez nacionalizou parte do setor, impondo contratos menos vantajosos às companhias internacionais. Muitas abandonaram o país; poucas permaneceram.

Entre as que continuam operando estão a norte-americana Chevron, a italiana Eni e a espanhola Repsol. A Chevron, no país há mais de cem anos, responde por cerca de um quarto da produção nacional. Segundo o CEO Mike Wirth, a empresa mantém uma estratégia de “longo prazo” e pretende participar da reconstrução econômica venezuelana se o ambiente político mudar.

Eni e Repsol atuam em campos de gás natural offshore que abastecem usinas termoelétricas locais. Em vários momentos, receberam pagamento em petróleo para exportação, mecanismo suspenso este ano por decisão dos EUA, deixando pendências financeiras.

Gigantes que se retiraram, como ConocoPhillips e Exxon Mobil, ainda tentam ser indenizadas pelos ativos expropriados.

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Imagem: redir.folha.com.br

Disputa judicial envolvendo a Citgo

Nos Estados Unidos, a subsidiária Citgo Petroleum — dona de três refinarias — é alvo de processo para cobrir dívidas da PDVSA. No mês passado, um juiz federal ordenou a venda da empresa à Amber Energy, ligada ao fundo Elliott Investment Management, por US$ 5,9 bilhões, valor bem inferior aos mais de US$ 20 bilhões reivindicados por credores. O governo venezuelano, a Citgo e outros envolvidos recorreram.

Para Kevin Book, diretor-gerente da consultoria ClearView Energy Partners, o histórico de avanços e recuos “afastaria investidores”, mas as reservas recordes continuam atraindo interesse.

Cenários futuros

Especialistas veem múltiplos desfechos. A situação atual pode se prolongar, uma ação militar elevaria a instabilidade no curto prazo e um acordo negociado com o presidente Nicolás Maduro poderia reabrir o país a grandes investimentos estrangeiros, inclusive para retomada de ativos confiscados.

Segundo Francisco J. Monaldi, pesquisador de energia da Universidade Rice, os recursos venezuelanos são estratégicos para Washington num quadro de estabilização da produção norte-americana após 15 anos de crescimento. “Os EUA gostariam de ter uma fonte alternativa de suprimento nesses cenários”, afirmou.

O petróleo venezuelano — mais pesado do que o produzido nos EUA — é valorizado por refinarias da Costa do Golfo, adaptadas para processar misturas de óleos pesado e leve e localizadas a poucos dias de navegação do Caribe.

O presidente Maduro acusa Washington de tentar “tomar as vastas reservas” venezuelanas por meio de força militar, o que mantém o setor petrolífero como ponto central nas tensões entre os dois países.

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