Taurus arma estoque para sustentar vendas nos EUA por 90 dias caso tarifa de 50% seja aplicada

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A Taurus, maior fabricante brasileira de armas de fogo, criou um estoque suficiente para abastecer o mercado norte-americano por até 90 dias caso entre em vigor, em 1º de agosto, a sobretaxa de 50% sobre produtos do Brasil anunciada pelo governo dos Estados Unidos. A informação foi dada pelo CEO Global da companhia, Salesio Nuhs.

Prevenção iniciada em maio

Nuhs afirmou que a reserva foi formada em maio, quando começaram as discussões sobre o aumento tarifário. “Isso garante uma certa estabilidade e autonomia para a companhia nesse período inicial após a implementação das sobretaxas”, disse o executivo.

A Taurus mantém operações industriais nos EUA há 43 anos. A planta foi transferida da Flórida para Bainbridge, no estado da Geórgia, em 2019, em parceria com o governo local para a geração de empregos.

Dependência do mercado norte-americano

As exportações para os Estados Unidos respondem por 82,5% do faturamento da empresa. Em 2024, a receita líquida atingiu R$ 1,6 bilhão. O grupo conta com três unidades de produção: a sede em São Leopoldo (RS), a fábrica na Geórgia e uma planta na Índia, que começou a operar em 2024.

Hoje, a capacidade instalada no Brasil é de 7.000 armas por dia, com produção efetiva de 3.500. Nos EUA, o potencial é de 3.000 unidades diárias, das quais 2.000 estão em linha. Caso a tarifa seja confirmada, a companhia admite reforçar a produção na Geórgia, o que pode levar à redução do ritmo em São Leopoldo, onde emprega 2.700 pessoas diretamente e gera cerca de 15 mil postos indiretos na cadeia.

Articulação no Brasil e nos EUA

Na semana passada, o CEO se reuniu em Brasília com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Defesa, José Múcio, para destacar o peso estratégico da Taurus. Houve ainda encontro com o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB). Paralelamente, a empresa mantém diálogo com representantes da embaixada dos EUA, autoridades federais e do estado da Geórgia na tentativa de derrubar ou adiar a medida.

“Mostramos a importância da Taurus não apenas como empresa de defesa, mas também como geradora de emprego, renda e tecnologia, e pedimos que o segmento seja observado com responsabilidade e bom senso”, afirmou Nuhs.

Impacto financeiro e reação do mercado

As ações preferenciais da Taurus recuaram 7,87% nesta segunda-feira (28), fechando a R$ 4,80 na B3. A queda foi atribuída a declarações recentes do executivo ao site Berlinda, nas quais ele mencionou a possibilidade de transferir parte da produção para os EUA se o “tarifaço” se concretizar. Questionado novamente, Nuhs garantiu que a empresa permanecerá no Brasil: “Temos certeza de que o tema será resolvido”.

Taurus arma estoque para sustentar vendas nos EUA por 90 dias caso tarifa de 50% seja aplicada - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

O resultado da companhia vem encolhendo desde o pico de 2022, quando registrou lucro líquido de R$ 195 milhões apenas no primeiro trimestre. Em 2025, o ganho caiu para R$ 18,6 milhões, reflexo da desaceleração global do mercado de armas observada a partir de 2023.

A reestruturação iniciada em 2018 — que incluiu lançamento de produtos para o segmento militar e a abertura da fábrica na Geórgia, apoiada por incentivos fiscais de US$ 42 milhões — havia impulsionado o desempenho em 2021 e 2022. A retração posterior, somada à possível tarifa de 50%, é vista pela empresa como um “embargo comercial” devido ao alto nível de competitividade do mercado norte-americano.

Negociação diplomática

O governo brasileiro tenta evitar o aumento de impostos por meio de negociações. O chanceler Mauro Vieira, que participa de evento da ONU em Nova York nesta semana, sinalizou disposição para ir a Washington se houver interesse dos EUA em conversar. Um funcionário da Casa Branca, contudo, disse à Folha que o governo Trump não recebeu propostas consideradas relevantes por parte do Brasil.

A tarifa, se confirmada, passa a valer em 1º de agosto. Até lá, a Taurus mantém seu plano de contingência baseado no estoque de 90 dias e aguarda uma solução diplomática para evitar impactos maiores na produção nacional.

Com informações de Folha de S.Paulo

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