Relatório de Stanford indica que China encurta distância dos Estados Unidos no desenvolvimento de modelos de IA

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Washington, 23 jan. 2025 – A edição 2024 do AI Index, elaborado pela Universidade de Stanford, mostra que a China diminuiu a diferença que a separa dos Estados Unidos na criação de modelos de inteligência artificial, mesmo que os norte-americanos ainda liderem em quantidade.

Quem lidera a corrida

De acordo com o levantamento, os Estados Unidos contabilizaram 40 modelos de IA considerados “notáveis” em 2024, contra 15 da China e 3 da Europa. Embora o volume permaneça favorável aos EUA, a qualidade dos sistemas chineses evoluiu rapidamente e já aparece próxima – ou superior – em alguns testes de referência.

Queda nas vantagens americanas

Nos ensaios de compreensão de linguagem (MMLU), a vantagem norte-americana caiu de 17,5% no fim de 2023 para apenas 0,3% em 2024. Em raciocínio geral (MMMU), o intervalo recuou de 13,5% para 8,1% no mesmo período. Já no teste avançado de linguagem MMLU-Pro, o modelo chinês DeepSeek-R1 obteve a melhor pontuação do ranking, superando qualquer concorrente desenvolvido nos EUA.

Melhorias gerais nos benchmarks

Os índices apontam salto de 18,8% em raciocínio geral e de 48,9% em questões de ciência em nível de doutorado (GPQA). A precisão em programação (SWE-Bench) avançou de 4,4% em 2023 para 71,7% em 2024.

Visões de especialistas

Gregory Allen, conselheiro sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), avalia que “a China se move com extrema rapidez e pode igualar os EUA caso Washington perca o ritmo”. Para David Sacks, responsável pela estratégia de IA e criptografia na Casa Branca, a liderança no “nível de modelo” é apenas a camada mais visível da disputa tecnológica, mas a que apresenta maior progresso chinês.

Adoção global das plataformas

O motor de busca de dados Backlinko estima que o chatbot chinês DeepSeek tenha mais de 20 milhões de usuários diários. O ChatGPT, da americana OpenAI, registra público seis vezes maior, porém a tração do aplicativo chinês chamou atenção ao liderar downloads nas lojas digitais em janeiro.

Regulação e restrições

Alguns estados norte-americanos proibiram o uso do DeepSeek em dispositivos governamentais, receosos de possíveis práticas de vigilância e censura por parte de Pequim. Especialistas lembram que a estrutura centralizada do governo chinês e normas de privacidade menos rígidas podem acelerar a coleta de dados e, consequentemente, o avanço dos modelos locais.

Imagem: Bret Baier via foxbusiness.com

Disputa por chips avançados

Desde 2019, exportações de semicondutores de alta performance para empresas chinesas enfrentam controle dos EUA. A medida impediu que companhias como a Huawei acessassem GPUs da Nvidia, ferramenta crucial para treinar algoritmos de IA. Ainda assim, Sacks afirma que a Nvidia mantém vantagem de cerca de dois anos sobre a rival chinesa.

Em resposta ao progresso de Pequim, Washington autorizou recentemente o retorno de alguns chips da Nvidia ao mercado chinês, numa tentativa de manter influência sobre os padrões tecnológicos globais. “Precisamos estabelecer o padrão internacional garantindo que empresas e países construam suas soluções sobre a pilha tecnológica americana”, declarou Jensen Huang, fundador e CEO da Nvidia.

Importância da produção de semicondutores

Na camada de fabricação, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) segue adiante da chinesa SMIC. Analistas, entretanto, alertam que eventual conflito envolvendo Taiwan poderia comprometer toda a cadeia, já que equipamentos de litografia são extremamente sensíveis a vibrações ou ataques.

Para Allen, sem as restrições de exportação impostas pelos EUA, os maiores supercomputadores de IA do mundo já estariam na China, operando com tecnologia americana. O cenário reforça a percepção de que a corrida pela inteligência artificial dependerá não só de novos algoritmos, mas também da capacidade de controlar todo o ecossistema de hardware e padrões globais.