São Paulo, 24 de julho de 2025 – O Banco do Brasil (BBAS3) enfrenta aumento expressivo de posições vendidas às vésperas da divulgação do balanço do segundo trimestre, reforçando especulações sobre um eventual short squeeze, segundo analistas consultados pelo mercado.
Entre 2019 e 2023, a instituição estatal acumulou lucros recordes – de R$ 13 bilhões para R$ 30 bilhões – e elevou o retorno sobre patrimônio (ROE) de 12,6% para 21,5%. A ação chegou a subir quase 60% em 2023, mesmo após a mudança de governo.
O cenário começou a mudar no terceiro trimestre de 2024, quando a inadimplência do agronegócio aumentou. A virada veio no primeiro trimestre de 2025: lucro de R$ 7,8 bilhões (ante estimativa de R$ 9 bilhões), ROE recuando para 16,7% e provisões crescendo 45%, para R$ 89 bilhões, pressionadas pela resolução 4.966/21 do Conselho Monetário Nacional.
Para o 2T25, o consenso Bloomberg prevê lucro de R$ 5,7 bilhões; o Safra projeta R$ 4,6 bilhões, queda anual de 51%. Entre 14 casas de análise acompanhadas pelo RI do banco, apenas duas recomendam compra, dez estão neutras e duas sugerem venda.
Levantamento da Elos Ayta indica avanço nas vendas a descoberto. A XP também aponta crescimento do “short interest”, enquanto a gestora Legacy Capital mantém posição vendida e prevê corte drástico de dividendos.
Otavio Araújo, da Zero Markets Brasil, afirma que o volume de shorts é “combustível” para um short squeeze, mas faltaria a “faísca”: resultados significativamente acima do consenso, melhora nas margens ou revisão positiva de guidance.
Régis Chinchila, da Terra Investimentos, vê espaço para repique caso o banco apresente inadimplência menor e mantenha payout elevado. Já Pedro Galdi, do AGF, observa que a nova safra agrícola 25/26 pode reduzir atrasos, favorecendo o balanço.
Imagem: Renan Dantas via moneytimes.com.br
Antonio Martins, analista da Kinea, acrescenta o fator político: pesquisas para as eleições de 2026 podem influenciar a percepção de risco estatal e provocar recompra de ações por vendidos.
JPMorgan e Itaú BBA projetam payout em torno de 30%, abaixo dos 40%–45% praticados, o que levaria o dividend yield a cerca de 6% – nível inferior aos bancos privados, que pagam entre 7% e 8%.
Desde janeiro, BBAS3 acumula queda de 20%, negociada a R$ 20, menor cotação em dois anos. O papel opera a múltiplos considerados descontados – P/L próximo de 4 vezes e P/VP abaixo de 1 –, mas analistas alertam que tais níveis refletem prêmio de risco diante da piora de resultados e incertezas regulatórias.
Apesar do pessimismo predominante, especialistas lembram que a magnitude das posições vendidas pode amplificar qualquer surpresa positiva, ainda que a maioria das casas mantenha postura cautelosa antes do balanço.
Com informações de Money Times