Dubai, Emirados Árabes Unidos – A partir de 2025, comprar uma casa na cidade com Bitcoin (BTC), Ether (ETH) ou stablecoins tornou-se uma operação respaldada por um conjunto de normas que envolve a Autoridade Reguladora de Ativos Virtuais (VARA), o Banco Central dos EAU e o Departamento de Terras de Dubai (DLD).
Desde 2022, a VARA licencia corretoras, custodiantes e plataformas – entre elas Binance e Laser Digital, do grupo Nomura – permitindo a conversão legal de criptoativos em dirhams (AED). No âmbito federal, o Banco Central emitiu a Payment Token Services Regulation, que obriga qualquer troca de stablecoins ou AED a passar por entidades autorizadas. A regra torna-se obrigatória em agosto de 2025 e exige procedimentos completos de Know Your Customer (KYC) e verificação de origem de recursos.
Para registrar a escritura, o DLD determina que o valor final esteja em dirhams, mesmo que o comprador tenha quitado o imóvel com criptoativos. A conversão deve ocorrer por canais aprovados pela VARA ou pelo Banco Central.
Grandes desenvolvedoras já incorporaram pagamentos digitais. A Damac Properties aceita BTC, ETH e stablecoins em projetos de luxo off-plan; a Emaar, responsável pelo Burj Khalifa, faz o mesmo em empreendimentos selecionados. A Nakheel, conhecida pela Palm Jumeirah, opera com cripto por meio de parceiros como a Hayvn.
As moedas mais usadas são BTC e ETH, enquanto USDT e USDC garantem estabilidade de preço. Cada empresa pode limitar tokens ou exigir parte do pagamento em AED, motivo pelo qual a validação prévia é recomendada.
1. Escolha uma imobiliária familiarizada com cripto
Agências como Engel & Völkers Dubai, CryptoDubai.Properties ou Provident Estate estruturam contratos compatíveis com a legislação.
2. Negocie o contrato
O documento deve prever que o valor será convertido em AED antes do registro.
3. Converta os ativos
Plataformas licenciadas, como Rain ou Binance UAE, realizam a troca instantânea e podem assegurar taxa de câmbio fixa.
4. Faça as checagens de conformidade
KYC, comprovação de origem de fundos e verificação da carteira on-chain são obrigatórios.
Imagem: cointelegraph.com
5. Registre a venda
A escritura é finalizada no DLD, sempre em dirhams.
Benefícios: liquidação em minutos, custos menores (cerca de 1% contra 2%–5% de transferências tradicionais), acesso global e rastreabilidade em blockchain.
Riscos: volatilidade de BTC e ETH, mudanças regulatórias, uso de plataformas não licenciadas e escrutínio reforçado contra lavagem de dinheiro. Utilizar stablecoins ou fixar a cotação no contrato pode mitigar oscilações.
O tokenização de ativos avança com iniciativas como a Prypco Mint, que vendeu, em minutos, frações de uma propriedade de 1,75 milhão de AED para mais de 160 investidores. A Damac firmou parceria de US$ 1 bilhão com a Mantra para projetos tokenizados, e o ecossistema ganha fôlego com colaborações entre DLD, Crypto.com e Prypco, criando um mercado regulado de imóveis digitais.
Dados do setor indicam que, no início de 2025, 3% das negociações off-plan já eram pagas em cripto, impulsionadas por estrangeiros, enquanto 30% dos indivíduos de altíssimo patrimônio em Dubai mantinham ativos digitais – fatores que sustentam a expansão desse modelo de pagamento imobiliário.
Com informações de Cointelegraph