Uma análise sobre a renda de profissionais do entretenimento adulto indica que o chamado “índice das strippers” — ideia de que a procura por serviços sexuais reflete a saúde da economia — não serve para antecipar movimentos do Bitcoin (BTC). O levantamento foi feito pelo Cointelegraph com criadoras de conteúdo do OnlyFans e trabalhadores do setor.
Kodi Rose, que se apresenta como stripper e produtora de conteúdo online, viralizou no TikTok ao afirmar que o consumo em clubes de striptease caiu, sinalizando recessão. A discussão levou o portal a verificar se ganhos de modelos na internet guardam relação com o preço do BTC.
Os dados de 57 meses de faturamento de Alana Nguyen — que atua no OnlyFans com o nome artístico Nerdy Dancing — revelam coeficiente de correlação de Pearson de -0,335 entre sua receita bruta (após a taxa de 20% da plataforma) e o valor do Bitcoin. Em 48 janelas móveis de 10 meses cada, a correlação ficou dividida: 24 positivas e 24 negativas, quase nunca ultrapassando 0,5 ou -0,5.
Considerando apenas a direção — se ambos subiram ou caíram no mesmo período — as curvas coincidiram em 55% dos 57 meses examinados.
“Sexo é entretenimento, um luxo. É uma das primeiras despesas que as pessoas cortam quando o dinheiro aperta”, afirmou a criadora e gerente de bordel Catherine De Noire. Apesar disso, ela não percebe vínculo direto entre oscilações de criptomoedas e o gasto de clientes.
Nguyen concorda: “No clube, meu ganho depende mais da minha performance e da presença de frequentadores fiéis do que de qualquer indicador macroeconômico”.
Levantamento do site OnlyGuider, que alega monitorar mais de 1 milhão de assinantes, aponta que o grupo de 0,1% mais bem pago do OnlyFans faturou US$ 2.035.331 em abril de 2025, quando o BTC teve preço médio de US$ 94.207. O rendimento desse topo aumentou para US$ 2.038.972 em maio e US$ 2.052.502 em junho, acompanhando a alta da moeda digital no mesmo intervalo.
Imagem: Trader Iniciante 2 (17)
Embora sites como Pornhub adotem criptomoedas desde 2018, o OnlyFans não aceita esse formato. “A maioria prefere dinheiro vivo, que não deixa rastros”, disse De Noire sobre seu bordel. No ambiente online, assinantes pedem alternativas por privacidade, mas a plataforma proíbe transações externas.
Allie Eve Knox, veterana com 11 anos de carreira, contou ter perdido 36 contas bancárias e em apps de pagamento. Ela viu nas criptos uma saída, porém chegou a ter conta fechada na Coinbase após exibir um QR Code em documentário. Knox afirma que, quando o Bitcoin atinge recordes, a audiência tende a diminuir: “Eles querem tirar print da maior cifra que aparece na carteira, não gastar”.
Projetos que buscavam integrar o setor de conteúdo adulto ao universo cripto — como o SpankPay, desativado citando “clima regulatório hostil” — recuaram. Ao mesmo tempo, países adotam restrições: a China iniciou ofensiva contra o OnlyFans e a Suécia impôs limites à compra de material erótico.
Na prática, o casamento entre preço do Bitcoin e faturamento de criadores ainda não se confirmou, e o “índice das strippers” permanece, no máximo, um termômetro pontual de gastos de lazer — sem força estatística para prever rumos da principal criptomoeda do mercado.
Com informações de Cointelegraph