A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de colocar o ex-presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar nesta segunda-feira (4) provocou reação imediata entre investidores.
O EWZ, fundo de índice negociado em Nova York que replica o desempenho do Ibovespa, encerrou o pregão regular com alta de 1,05%, mas recuava 0,97% no after-market às 19h43, sinalizando abertura negativa para a Bolsa brasileira nesta terça-feira.
Moraes justificou a medida cautelar citando reincidência de descumprimento de determinações do STF. Segundo o magistrado, Bolsonaro participou de chamada de vídeo com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) durante manifestação realizada no domingo (3) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, contrariando restrições impostas anteriormente.
Para Rafael Passos, analista da Ajax Asset, o episódio eleva a percepção de risco institucional no país, movimento já observado nas últimas semanas. “Investidores começam a exigir prêmio maior nos ativos brasileiros”, afirmou.
A tensão também envolve a relação com os Estados Unidos. O presidente norte-americano Donald Trump, aliado de Bolsonaro, chancelou recentemente tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, embora tenha concedido exceções a alguns itens. Se o atrito avançar, Passos avalia que o dólar tende a ganhar força frente ao real, os juros futuros podem subir e a Bolsa deve sofrer, especialmente ações de estatais e de grandes bancos.
Imagem: Renan Dantas via moneytimes.com.br
Em julho, o Ibovespa caiu 4% e registrou saída líquida de R$ 6,27 bilhões em capital estrangeiro, pior resultado mensal desde abril de 2024, quando o déficit foi de R$ 11,1 bilhões, segundo a Elos Ayta.
A preocupação adicional envolve os possíveis efeitos da Lei Magnitsky sobre instituições financeiras brasileiras, o que, de acordo com Passos, já adiciona prêmio extra às curvas de juros.
Analistas ressaltam que o impacto final dependerá dos próximos desdobramentos políticos e judiciais, mas reconhecem que o ambiente aponta para aumento da cautela com ativos brasileiros.