Os principais índices de Wall Street recuaram na sexta-feira (1º) e fecharam a pior semana desde abril, pressionados por sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho dos Estados Unidos e pelo anúncio de novas tarifas comerciais feito pelo presidente Donald Trump na véspera.
O S&P 500 caiu 1,6% no dia e acumulou perda de 2,4% na semana. Já o Nasdaq Composite, com grande peso de empresas de tecnologia, recuou 2,2% nesta sexta, enquanto as bolsas da Ásia e da Europa também fecharam em baixa.
Relatório do Departamento do Trabalho mostrou criação de 73 mil vagas em julho, abaixo da projeção de cerca de 100 mil. A taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%, e as contratações de maio e junho foram revisadas para baixo em 258 mil postos somados, indicando pressão maior que a estimada anteriormente.
Os números alimentaram dúvidas sobre a robustez da economia e ampliaram as apostas de que o Federal Reserve cortará os juros em setembro: segundo a ferramenta CME FedWatch, a probabilidade subiu para mais de 90%, ante aproximadamente 40% no dia anterior.
Trump reagiu aos dados questionando publicamente, sem apresentar provas, a qualidade das estatísticas e demitiu a chefe de dados trabalhistas Erika McEntarfer, nomeada pela administração Biden. O presidente também reiterou pressões para que o Fed reduza “substancialmente” as taxas de juros, sugerindo que o conselho da instituição assuma o controle caso o presidente do banco central, Jerome Powell, não o faça.
As preocupações dos investidores foram agravadas pelo novo pacote de tarifas anunciado na quinta-feira (31), que atinge alguns dos maiores parceiros comerciais dos EUA e deve entrar em vigor na próxima quinta (7). A possibilidade de custos adicionais para empresas e consumidores acrescentou volatilidade aos mercados.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro de dez anos recuaram mais de 0,1 ponto percentual, movimento que reflete busca por segurança e expectativas de juros mais baixos. O dólar perdeu força perante as principais moedas.
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Para analistas, o desempenho negativo interrompe a sequência de ganhos impulsionada pelos resultados sólidos de grandes companhias de tecnologia. Foi o quarto pregão seguido de queda do S&P 500.
“Este é o primeiro dado realmente fraco que chama a atenção”, avaliou Mark Hackett, estrategista-chefe de mercado da Nationwide, destacando que a leitura sobre o emprego “muda a conversa” nos mercados. Greg McBride, da Bankrate, afirmou que o relatório “serve de alerta sobre onde a economia pode estar caminhando”.
O movimento atual lembra o recuo observado em abril, quando a primeira rodada de tarifas de Trump quase empurrou o S&P 500 para um mercado de baixa. Na ocasião, os índices se recuperaram após o adiamento das medidas mais duras, mas a nova escalada comercial, somada aos indicadores de fraqueza, volta a pesar sobre o apetite por risco.
Com informações de Folha de S.Paulo