Brasília — Menos de 12 meses depois da regulamentação das apostas esportivas, as empresas do setor já enfrentam um cenário que o CEO da Superbet, Alexandre Fonseca, classifica como “mais arriscado”. Segundo o executivo, a combinação de propostas para elevar a alíquota sobre as apostas de 12% para 18% e o gasto crescente com sistemas de prevenção a fraudes compromete o resultado das companhias.
Fonseca lembra que as casas de apostas pagaram milhões em taxas de outorga para entrarem na legalidade e agora lidam com dois movimentos simultâneos: a possível alta tributária e a necessidade de investir em tecnologia para detectar manipulação de resultados, prática que se espalhou das divisões inferiores do futebol para a Série A.
“Planos de negócio estruturados numa carga tributária foram revistos da noite para o dia. Esse salto representa um aumento de 50% e ameaça a viabilidade do operador regulado, fortalecendo o mercado ilegal”, afirma.
O setor também passou a ser questionado pelo suposto uso de recursos do Bolsa Família em apostas. O Banco Central divulgou dados que ligavam beneficiários ao jogo online, informação contestada pela Superbet em estudo próprio. Fonseca diz não ter interesse em receber dinheiro de programas sociais, mas critica propostas que impedem o beneficiário de jogar.
“Restringir a pessoa e não o benefício cria uma categoria de consumidor de segunda classe”, argumenta. Para ele, o ideal seria que o sistema financeiro separasse claramente o valor público do restante da renda do cidadão, evitando o que chama de “apartheid financeiro”.
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Para monitorar partidas, a Superbet contratou a multinacional Sportradar. A empresa envia alertas tanto às casas de apostas quanto à Secretaria de Prêmios e Apostas, além de trabalhar com a CBF e 17 federações estaduais. De acordo com Fonseca, 90% das apostas já passam por esse crivo.
O executivo informou ainda que representantes da Sportradar farão workshops com clubes patrocinados pela Superbet para orientar atletas sobre abordagens de aliciadores. “Quando a confiança no resultado cai, perde o torcedor, o clube e o próprio mercado de apostas”, diz.
Nascido no Rio de Janeiro em 1984, Alexandre Fonseca formou-se em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atuou em empresas de jogos e meios de pagamento entre 2014 e 2022, incluindo Lottoland.com, Bonafides e Kaizen (controladora da Betano), até assumir a Superbet em 2023.