A suíça Swiss Airlines e o Aeroporto de Hamburgo receberam 190 litros de combustível sintético produzido com energia solar, marcando o primeiro uso mundial de um querosene praticamente neutro em CO2 em operações de voo.
O produto foi desenvolvido pela Synhelion em Jülich, cidade próxima a Düsseldorf, a partir de dióxido de carbono e hidrogênio. A matéria-prima gerada no laboratório foi enviada a uma refinaria no norte da Alemanha e, depois de processada, incorporada ao sistema de abastecimento do aeroporto.
A quantidade entregue cobre cerca de 7% da energia exigida em uma rota de 700 quilômetros entre Hamburgo e Zurique — o equivalente a aproximadamente 50 quilômetros do trajeto. “É um passo simbólico, mas concreto, rumo a uma aviação mais sustentável”, afirmou Philipp Furler, co-CEO e cofundador da Synhelion.
A União Europeia determinou que, até 2050, 70% do combustível usado por aeronaves no bloco seja composto por SAF (combustíveis sustentáveis de aviação). Desde janeiro, o percentual obrigatório é de 2%, o que representa 1 milhão de toneladas ao considerar o consumo anual de 50 milhões de toneladas de querosene na região, segundo a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (Easa).
Hoje, a maior parte do SAF disponível vem de resíduos orgânicos, como óleo de cozinha usado e subprodutos da indústria de carne, capazes de reduzir em até 80% as emissões de CO2 em comparação ao querosene fóssil. Contudo, a oferta limitada desses insumos faz a indústria apostar em rotas sintéticas, área em que a Synhelion desponta. A Swiss tornou-se investidora da empresa em 2022.
Em julho, a Synhelion desistiu de construir uma fábrica prevista para a Espanha por causa de incertezas no licenciamento. A companhia agora planeja ampliar em cerca de dez vezes a capacidade da instalação atual em Jülich, onde diz dispor de logística favorável e rede de parceiros.
Imagem: redir.folha.com.br
O objetivo é otimizar processos no local e criar base para plantas de grande porte. A primeira unidade industrial competitiva deverá produzir cerca de 100 mil toneladas de combustível por ano e iniciar operações até 2030, em local ainda não definido.
Além do querosene, a tecnologia solar da companhia gera diesel e gasolina que poderão abastecer motos, carros, navios e, a partir de 2027, ônibus e veículos de serviço no Aeroporto de Zurique.
Com informações de Folha de S.Paulo