Filósofo Franco “Bifo” Berardi defende “desistir de tudo” em novo livro

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O filósofo italiano Franco “Bifo” Berardi afirma que “a esperança é muito perigosa” e propõe a completa desistência de projetos sociais, econômicos e pessoais em seu livro mais recente, “Disertare”, publicado em inglês sob o título “Quit Everything!”.

Com trajetória marcada pelo pessimismo, Berardi contrapõe-se ao discurso aceleracionista que prega a retomada de grandes empreitadas tecnológicas e de infraestrutura, defendido por vozes como o empresário Peter Thiel e o jornalista Ezra Klein, autor de “Abundance: How We Build a Better Future (and a Manifesto for a New Left)”. Enquanto Thiel e Klein defendem “construir, acelerar e eliminar burocracias”, o italiano sugere o movimento oposto: desertar.

Deserção individual e coletiva

Berardi classifica como “deserção” atitudes hoje vistas de forma dispersa:

  • Hikikomori no Japão: mais de 1,5 milhão de pessoas que se isolam em casa voluntariamente;
  • Tang Ping na China: jovens que rejeitam o trabalho competitivo e o consumo;
  • “Nem-nem” no Brasil: milhões de brasileiros que nem estudam nem trabalham, parte deles apostando dinheiro em plataformas de apostas.

O autor inclui ainda a queda global da fertilidade – recuo de 53% desde 1950 – como sinal de renúncia coletiva. Atualmente, 66% da população mundial vive em países cuja taxa de natalidade está abaixo do nível necessário para reposição demográfica.

Crítica à esquerda e à tecnologia

Berardi argumenta que a esquerda “interpretou a tecnologia completamente mal” ao encará-la apenas como ameaça aos empregos. Segundo ele, a automação poderia ter reduzido jornadas, mas acabou convertida em ferramenta para ampliar lucros e estimular o consumo. “O problema não é a automação, mas a incapacidade antropológica e cultural de redefinir objetivos sociais, que deveriam ser trabalhar menos e consumir menos”, afirma.

Filósofo Franco “Bifo” Berardi defende “desistir de tudo” em novo livro - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

Apesar de discordar da proposta de desistência, o colunista Ronaldo Lemos, que analisa as ideias do filósofo, considera atraente a meta de reduzir trabalho e consumo como possível resposta aos atuais impasses sociais e econômicos.

Com informações de Folha de S.Paulo

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