O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) divulgou nota no domingo (28) para enfatizar que a soberania do Brasil “é inegociável” nas conversas sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos. O texto ressalta que Brasília segue aberta ao diálogo e recorda a “relação econômica robusta” entre os dois países há mais de 200 anos.
“Reiteramos que a soberania do Brasil e o Estado Democrático de Direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais”, afirma o comunicado.
No dia seguinte, nesta segunda-feira (28), o presidente norte-americano Donald Trump declarou esperar fixar tarifas entre 15% e 20% para nações que não firmarem acordo comercial com Washington. A medida se somaria à sobretaxa de 50% anunciada anteriormente sobre produtos brasileiros.
Vice-presidente da República e titular do Mdic, Geraldo Alckmin lidera as tratativas com os EUA desde que a sobretaxa de 50% foi anunciada. Antes disso, a Casa Branca já havia elevado impostos sobre mercadorias brasileiras em 10%.
Segundo o governo, tentativas de diálogo ocorrem desde maio, incluindo o envio de duas cartas oficiais a Washington sem retorno. Na sexta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Alckmin “tem ligado todo dia” para autoridades americanas, mas “ninguém quer falar com ele”.
Alckmin informou ter conversado com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no sábado (19), reiterando disposição para negociar e evitar a nova tarifa. Paralelamente, o vice-presidente se reúne com empresários dos setores industrial, agropecuário, tecnológico e outros para avaliar os impactos da sobretaxa sobre a economia brasileira.
Imagem: redir.folha.com.br
Donald Trump justificou o aumento de tarifas acusando o Brasil de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos processos em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O Palácio do Planalto rechaçou a argumentação e afirmou que decisões do Judiciário e assuntos internos não entram na pauta comercial.
Em Nova York, o chanceler Mauro Vieira participa nesta semana de conferência da ONU sobre a solução de dois Estados no conflito Israel-Hamas. Até o momento, não há agendamento de encontro com autoridades americanas para discutir as tarifas.
Com informações de Folha de S.Paulo