NOVA YORK – A Chipotle Mexican Grill, a Sweetgreen e a Chobani ampliaram os programas de apoio a agricultores familiares nos Estados Unidos em meio a um cenário de retração no setor rural, caracterizado pela perda acelerada de propriedades e aumento dos custos de produção.
De acordo com o Censo Agrícola de 2022, o país perdeu 141.733 fazendas entre 2017 e 2022. No mesmo período, a área total cultivada diminuiu em mais de 20 milhões de acres, caindo para 880,1 milhões de acres. A redução acontece enquanto o Departamento de Agricultura (USDA) e a Casa Branca defendem, por meio da iniciativa Make America Healthy Again e do National Farm Security Action Plan – apresentado em julho pela secretária Brooke L. Rollins –, o fortalecimento de cadeias locais como forma de proteger a segurança alimentar contra “ameaças de adversários estrangeiros”.
Para a economista Faith Parum, da American Farm Bureau Federation, a combinação de preços mais baixos de grãos, elevação do valor da terra, mão de obra cara, incerteza regulatória e mudanças no comércio exterior cria um “momento desafiador” para produtores rurais. Ela reconhece avanços no One Big Beautiful Bill Act, que torna permanentes incentivos fiscais e amplia a rede de proteção agrícola, mas afirma que “ainda há muito a fazer”.
O diretor de marca da Chipotle, Chris Brandt, lembra que o país “perdeu 40 vezes mais agricultores do que ganhou” na última década. Para tentar reverter o quadro, a rede e a Chipotle Cultivate Foundation destinaram mais de US$ 5 milhões, desde 2019, a bolsas de estudo, capacitação, contratos plurianuais e doações a jovens produtores. Até agora, 275 fazendas receberam Seed Grants de US$ 5 mil cada, e 425 acres passaram da produção convencional para a orgânica.
A empresa, que projeta abrir entre 315 e 345 novos restaurantes nos Estados Unidos ainda este ano, comprou mais de 47 milhões de libras de produtos locais em 2024. “O trabalho nunca termina”, afirma Brandt.
Parcerias de longa data com pequenos produtores também são a base da estratégia da Sweetgreen. No próximo ano, a marca abrirá 40 unidades e estreará em Sacramento, Phoenix e Cincinnati. Segundo o cofundador Nicolas Jammet, os contratos oferecem receita previsível aos fornecedores em períodos de incerteza, além de permitir que eles alcancem novos mercados.
Imagem: Daniella Genovese FOXBusiness via foxbusiness.com
Dan Drake, da Drake Family Farms, relata que considerou encerrar as atividades antes de firmar acordo com a rede de saladas. “Quando eles crescem e pedem mais queijo, conseguimos manter a fazenda”, resume.
No segmento de laticínios, a Chobani prevê adquirir 3 bilhões de libras de leite cru de mais de 430 fazendas familiares em Idaho, Michigan e Nova York em 2025. A meta é chegar a 11 bilhões de libras por ano até 2031. A empresa também financia feiras de saúde, salas de descanso, campos de futebol, distribuição de equipamentos de proteção, roupas de inverno e treinamentos de segurança em propriedades rurais.
“Apoiar pequenas fazendas não é caridade, é estratégia de longo prazo que reforça nossa cadeia de suprimentos e movimenta a economia local”, afirma a companhia, destacando o efeito multiplicador sobre fornecedores de ração, equipamentos agrícolas, serviços veterinários e a arrecadação de impostos municipais.
Com a escalada dos custos no campo e a saída de produtores do negócio, as gigantes de alimentação veem na proximidade com agricultores familiares uma forma de garantir abastecimento estável e, ao mesmo tempo, atender à demanda dos consumidores por produtos frescos e de origem transparente.