Na terça-feira, 5 de agosto de 2025, um dia antes da entrada em vigor das novas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o Ibovespa avançou 0,14% e retomou o patamar dos 133 mil pontos. O desempenho positivo ocorre em meio à expectativa de parte do mercado de que o Federal Reserve possa reduzir os juros em setembro, o que facilitaria, mais adiante, cortes na Selic.
No acumulado da semana, o índice sobe 0,54%; em agosto, 0,06%; e, no ano, 10,7%.
A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 permaneceu em 14,91% ao ano. Nos vencimentos intermediários, o DI para janeiro de 2029 passou de 13,35% para 13,41% ao ano. Nos contratos de prazo mais longo, para janeiro de 2036, a taxa subiu de 13,67% para 13,74% ao ano, refletindo maior preocupação do mercado com o risco fiscal.
Apesar do recuo do presidente norte-americano, Donald Trump, que retirou cerca de 700 itens da lista de produtos taxados, a perspectiva de aumento tarifário mantém os investidores cautelosos. O volume negociado somou menos de R$ 14 bilhões, inferior à média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,5 bilhões.
A decretação de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada na noite anterior pelo Supremo Tribunal Federal, adicionou tensão ao cenário político-comercial entre Brasil e Estados Unidos. Trump cita o processo contra Bolsonaro como um dos argumentos para impor sanções às exportações brasileiras.
O dólar comercial ficou praticamente estável, cotado a R$ 5,51, com leve queda de 0,01% no dia. Na semana, a moeda recua 0,69%; em agosto, 1,69%; e, desde o início do ano, acumula perda de 10,9% frente ao real.
Imagem: valorinveste.globo.com
“Lá fora, dados mistos e falas de dirigentes do Fed reforçam a chance de corte de juros em setembro; aqui, a ata do Copom confirma Selic elevada por período prolongado”, observa Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Entre as 84 ações do índice, 46 fecharam em alta. Os maiores ganhos foram de BRAV3 (+5,74%), HAPV3 (+4,65%) e PETZ3 (+3,72%). Na ponta oposta, os destaques de queda ficaram com CSNA3 (-2,82%), KLBN11 (-2,56%) e ASAI3 (-2,54%).
Com o embate entre o tarifaço e a possível flexibilização monetária nos EUA, o mercado segue dividido: enquanto o risco tarifário freia o apetite, a perspectiva de juros mais baixos incentiva a tomada de risco.