Os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos definem nesta quarta-feira, na chamada “super quarta”, se mantêm ou alteram suas taxas básicas de juros. A expectativa predominante no mercado é de estabilidade tanto para a Selic, hoje em 15% ao ano, quanto para a faixa de 4,25% a 4,5% ao ano praticada pelo Federal Reserve (Fed).
Embora a inflação tenha recuado nos dois países, ela segue acima das metas oficiais, o que limita espaço para cortes. Analistas afirmam que as incertezas fiscais passaram a pesar mais nas decisões de política monetária. Nos Estados Unidos, um pacote de estímulos recém‐aprovado aumentou dúvidas sobre a trajetória da dívida pública e o impacto futuro sobre preços. No Brasil, o receio se concentra em possíveis elevações de gastos sem definição clara de fonte de financiamento.
As dúvidas fiscais já provocam reação dos investidores. Em julho, estrangeiros retiraram da B3 quase um terço do montante que haviam aplicado nos seis meses anteriores, movimento que pressiona o câmbio e enfraquece um dos pilares que vinha sustentando o real ao longo do ano.
Para gestores e consultores, mais importante que a manutenção das taxas será o tom dos comunicados do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC). O mercado acompanhará quais variáveis cada banco central considera mais sensíveis e por quanto tempo pretende manter o juro no nível atual.
Experiências recentes reforçam essa cautela. Entre 2023 e 2024, o Banco Central brasileiro iniciou um ciclo de cortes, mas a falta de ancoragem fiscal levou a um retorno da Selic a patamares superiores aos anteriores.
No cenário doméstico, títulos públicos atrelados à inflação oferecem rendimento real próximo de 7% ao ano, mas especialistas projetam desempenho inferior ao CDI nos próximos 12 a 24 meses. Com projeção de IPCA entre 4,5% e 5% e hipótese de redução de apenas dois pontos percentuais na Selic até o fim de 2025, aplicações pós‐fixadas tendem a permanecer mais atraentes.
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Hoje, fundos e papéis privados de alta liquidez pagam entre 110% e 115% do CDI, combinação que une retorno competitivo e facilidade para reposicionar a carteira diante de novas oportunidades.
O mercado, portanto, deverá reagir menos ao anúncio das taxas e mais às pistas sobre a condução da política monetária e fiscal, determinantes para a trajetória de juros, inflação e fluxo de capitais nos próximos meses.
Com informações de Folha de S.Paulo