Presidentes de Volkswagen, Toyota, General Motors e Stellantis encaminharam em 15 de julho uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitando veto a qualquer incentivo que diminua o imposto de importação de veículos desmontados ou semidesmontados (CKD e SKD).
A iniciativa reage a um pedido apresentado em fevereiro à Câmara de Comércio Exterior (Camex) pela chinesa BYD, que busca reduzir a alíquota para 10% no caso de SKD e 5% para CKD até 30 de junho de 2028. Hoje esses produtos pagam 26%, dentro de um cronograma que prevê elevação gradual até 35% em julho de 2026.
Os executivos Ciro Possobom (Volkswagen), Evandro Maggio (Toyota), Emanuelle Cappellano (Stellantis) e Santiago Chamorro (GM) afirmam que a medida, se aprovada, deixará “legado de desemprego, desequilíbrio da balança comercial e dependência tecnológica”.
No mesmo tema, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, declarou nesta segunda-feira (28) que a Camex analisa uma alternativa: manter a tarifa atual, mas abrir uma cota de importação. Segundo ele, o formato discutido permitiria trazer até 50 mil veículos até 1º de julho de 2026, com redução progressiva dessa quantidade ao longo de quatro anos. A decisão, porém, depende de colegiado composto por dez ministérios.
Há expectativa de que o assunto seja votado em reunião extraordinária da Camex nesta quarta-feira (30), mas a pauta ainda não foi divulgada pelo Mdic.
Imagem: redir.folha.com.br
O setor de autopeças também se manifestou. Em mensagem enviada a Lula, o presidente da Abipeças e do Sindipeças, Cláudio Sahad, disse que a combinação do eventual benefício à BYD com a ameaça de sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos pode resultar em queda de produção, cortes de emprego e revisão de investimentos.
A BYD não se pronunciou até a publicação desta reportagem. No processo apresentado à Camex, a empresa argumenta que a montagem local a partir de kits representa o estágio inicial da industrialização, exigindo instalação de linhas, contratação e treinamento de mão de obra, além de cadeia logística e de fornecedores, o que indicaria compromisso com investimentos futuros.
Com informações de Folha de S.Paulo