O senador Jayme Campos (União-MT) apresentou no Congresso Nacional um projeto de lei que obriga fabricantes a informar, nas embalagens ou manuais, todos os minérios empregados na produção de equipamentos e bens industrializados vendidos no Brasil.
Se aprovada, a proposta alcançará itens como telefones celulares, aparelhos eletrônicos e veículos elétricos. Cada produto deverá exibir uma tabela com o tipo e a quantidade de mineral utilizado, além do impacto ambiental previsto ao longo de sua vida útil.
Na justificativa, Campos lembra que iniciativas semelhantes já existem nos alimentos (lista de ingredientes e tabela nutricional), nos eletroeletrônicos (selo Procel) e em equipamentos a combustão (selo Conpet). Segundo o parlamentar, a medida permitirá ao poder público avaliar o uso de recursos minerais e incentivar o emprego de materiais reciclados.
A proposta foi sugerida pela Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo). Para o presidente da entidade, o geólogo Caiubi Kuhn, a divulgação pode fomentar o consumo consciente, a economia circular e colaborar para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU voltado a produção e consumo responsáveis.
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que reúne as maiores mineradoras do país, considera o projeto positivo. Seu diretor-presidente, Raul Jungmann, avalia que a iniciativa tornará mais clara para a sociedade a presença de minérios nos produtos finais, embora reconheça desafios na identificação de ligas metálicas complexas.
Imagem: redir.folha.com.br
Também favorável, a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM) vê na proposta uma oportunidade de aproximar a mineração do cotidiano dos consumidores. Para o diretor Luiz Antônio Vessoni, o projeto ajuda a mostrar o papel dos minerais em itens como carros, fertilizantes e smartphones.
Vessoni relaciona o tema ao recente aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos durante o governo Donald Trump, movimento que, segundo ele, reflete uma disputa estratégica em torno de minerais como terras raras. O dirigente observa que o Brasil pode tornar-se o maior produtor ocidental desses elementos e defende a instalação da cadeia produtiva no país para evitar a mera exportação de matéria-prima.
O projeto segue em tramitação no Senado e ainda precisa passar pelas comissões temáticas antes de ser votado em plenário.