São Paulo – Reeleito para comandar a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pela quinta vez, Paulo Skaf afirmou nesta segunda-feira (4) que iniciará imediatamente articulações com o Itamaraty e o governo Luiz Inácio Lula da Silva para enfrentar a sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos às exportações brasileiras.
Embora o novo mandato só comece em 1º de janeiro de 2026, Skaf disse que “o assunto precisa ser resolvido para ontem” porque “muitas pequenas e médias empresas vendiam toda a produção para os Estados Unidos”. Ele definiu a iniciativa como “diplomacia empresarial”.
O ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, foi convidado e aceitou chefiar o futuro Conselho de Relações Internacionais da entidade. “Ele mora em Nova York e o conselho será global, não restrito ao Brasil”, explicou Skaf.
Segundo o presidente eleito, dada a relevância dos Estados Unidos para a indústria nacional, equipes da Fiesp vão buscar proximidade maior com compradores estrangeiros a fim de ampliar vendas e atrair investimentos. “Vamos começar com o governo americano e depois levar a outros mercados, para o Brasil vender ao mundo inteiro”, disse.
Skaf ressaltou que o setor industrial enfrenta a ascensão da inteligência artificial, juros elevados e alta carga tributária. Conhecido pelo inflável “pato da Fiesp”, símbolo da campanha contra aumento de impostos em 2015, ele voltou a defender a redução de gastos públicos. “Nada é mais importante hoje para a economia brasileira”, declarou.
O industrial afirmou que não tinha planos de voltar à presidência, mas reconsiderou após receber um abaixo-assinado pedindo seu retorno. A articulação começou em 2023, com encontros com sindicatos que apoiaram sua chapa, e ganhou força após a crise que quase destituiu o atual presidente, Josué Gomes da Silva, em assembleia extraordinária.
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Josué, eleito com apoio de Skaf em 2021 e aliado do presidente Lula, enfrentou resistência de parte dos filiados. Skaf negou protagonismo na tentativa de afastamento, embora tenha participado das negociações que selaram uma carta pela pacificação, assinada pelos dois em janeiro de 2023.
Entre industriais, há receio de que a volta de Skaf leve a Fiesp novamente a posições mais à direita, semelhantes às adotadas durante seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Nos primeiros meses do governo Lula, a entidade vinha mantendo diálogo frequente com ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Geraldo Alckmin (Indústria).
Skaf encerrou o discurso reforçando que pretende usar o restante de 2025 para preparar a nova gestão e coordenar as ações contra as tarifas norte-americanas.