A elevação para 50% da tarifa imposta pelos Estados Unidos às exportações brasileiras levou produtores de macadâmia a perder pedidos já firmados com compradores norte-americanos. A QueenNut Macadâmia, sediada em Dois Córregos (SP), confirmou o cancelamento de um contrato de 15 toneladas, avaliado em US$ 225 mil (R$ 1,26 milhão).
O bloqueio atinge o principal polo nacional da cultura. Dois Córregos, conhecido como “capital da macadâmia”, responde por metade da produção brasileira. “O cliente avisou que não vai arcar com o custo adicional e rompeu o acordo”, relatou Pedro Toledo Piza, diretor da QueenNut e da Associação Brasileira de Noz Macadâmia (ABM).
Além do contrato cancelado, outros negócios que totalizam 200 toneladas estão apenas suspensos e podem ser anulados ou renegociados com preços menores. No conjunto, as cargas interrompidas chegam a 215 toneladas, o equivalente a US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 20 milhões).
Piza explica que a empresa trabalha com dois modelos de entrega. No sistema CIF, o exportador assume todas as taxas; já no formato FOB Porto, o importador paga os encargos. O contrato cancelado era FOB, e o comprador optou por desistir após o aumento da tarifa.
A colheita nacional de macadâmia termina em setembro. Segundo o executivo, 60% da produção da QueenNut já foi vendida e a seca reduziu o volume disponível, o que limita o impacto imediato. “Neste ano enviaríamos apenas 30 toneladas aos Estados Unidos. Vamos tentar redirecionar para o mercado interno, que está em expansão”, afirmou.
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Apesar disso, a empresa avalia que será necessário diversificar destinos enquanto durar o sobrecusto para entrada no mercado norte-americano. Atualmente, apenas 30% do volume produzido em Dois Córregos permanece no país; o restante segue para o exterior — 50% para os EUA, 40% para a China e 10% para Europa e América Latina.
O município mantém 400 hectares de pomares com cerca de 100 mil árvores e produção anual estimada em 1.500 toneladas.
Com informações de Folha de S.Paulo