Tarifaço dos EUA ameaça 146 mil empregos no Brasil em até dois anos, calcula Fiemg

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O aumento de 50% nas tarifas aplicado pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos pode extinguir 146.605 postos formais e informais no Brasil em até dois anos, segundo estudo divulgado nesta semana pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

A projeção já considera as cerca de 700 mercadorias isentas do tarifaço, o que equivale a 43% do que o país exportou para o mercado norte-americano em 2024. As novas alíquotas entram em vigor nesta quarta-feira (6).

Queda de R$ 25,8 bilhões no PIB

De acordo com a Fiemg, a sobretaxa deverá reduzir a atividade econômica brasileira em R$ 25,8 bilhões no curto prazo — impacto correspondente a 0,22% do Produto Interno Bruto. Se as tarifas forem mantidas por cinco a dez anos, a perda pode chegar a 0,94% do PIB, com eliminação estimada de 618,1 mil empregos.

“Mesmo quem não exporta diretamente sofre reflexos, pois muitas empresas fornecem insumos para os setores atingidos”, afirma o economista-chefe da entidade e autor da pesquisa, João Pio.

Setores mais afetados

O levantamento indica retração de 8,1% nos postos de trabalho da siderurgia no horizonte de até dois anos. Na fabricação de produtos de madeira, a queda prevista é de 6,6%, enquanto a pecuária pode encolher 3,3%.

A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) relata férias coletivas e demissões pontuais após a divulgação das novas tarifas. O setor gera cerca de 180 mil vagas, principalmente no Sul.

Tarifaço dos EUA ameaça 146 mil empregos no Brasil em até dois anos, calcula Fiemg - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

Na indústria calçadista, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) estima que as exportações fiquem “inviabilizadas”, com perda inicial de aproximadamente 8 mil empregos diretos.

Empresários apreensivos

Despina Filios, dona da Despi Beachwear, em Petrópolis (RJ), diz que 90% da produção da empresa é destinada ao exterior e que entre 50% e 60% seguem para os Estados Unidos. “Se a tarifa de 50% vier, terei de repassar aos preços e perderei vendas”, afirma a empresária, que emprega cerca de 40 pessoas.

Efeito limitado, avaliam economistas

Para Rodolpho Tobler, pesquisador do FGV Ibre, o impacto tende a se concentrar nos segmentos diretamente afetados e não deverá reverter o quadro positivo do mercado de trabalho, que registrou recorde de 102,3 milhões de brasileiros ocupados no trimestre até junho, segundo o IBGE. Sergio Vale, da consultoria MB Associados, também prevê efeito pontual.

Ainda assim, a Fiemg alerta para o risco de perda de competitividade e recuo de investimentos nos ramos que mais dependem do mercado norte-americano.

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