O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um aumento de 50% nas tarifas incidentes sobre mercadorias brasileiras, decisão que, segundo economistas, deve desorganizar cadeias produtivas e já pressiona o valor da carne no mercado norte-americano.
A medida foi oficializada durante a campanha de reeleição e faz parte da estratégia protecionista do governo, voltada a setores ligados à classe trabalhadora do cinturão industrial. De acordo com o Budget Lab, a tarifa média efetiva cobrada pelos EUA alcançou 22,5% em 2 de abril, o nível mais alto desde 1909.
O instituto calcula que o encargo extra provocou aumento aproximado de 2,3% no custo de vida das famílias norte-americanas, com perda anual de até US$ 3.800 por domicílio. O repasse dos preços já é observado nas gôndolas: o valor da carne nos EUA continua subindo desde o início de abril.
No Brasil, o reflexo tem sido oposto. A oferta interna mais folgada contribuiu para a queda nos preços de carne, laranja e café, itens que registraram recuo nos mercados nacionais. O alívio no bolso do consumidor coincidiu com leve recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo índice de aprovação avançou de 40% para 43% após o anúncio das tarifas norte-americanas.
Durante o último debate eleitoral, Trump afirmou que moradores de Springfield estariam recorrendo a “menus menos convencionais”, incluindo gatos e cachorros, devido ao encarecimento dos alimentos. A declaração, vista como retórica alarmista pela oposição, ganhou repercussão justamente enquanto a própria política tarifária do governo pressiona o preço dos produtos básicos.
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Especialistas lembram que barreiras comerciais não têm se mostrado eficientes para recuperar empregos perdidos pela automação e pela reorganização da economia global, mas seguem populares entre parte do eleitorado norte-americano.
Com informações de Folha de S.Paulo