Brasília – A votação do pacote de socorro às empresas prejudicadas pelas sobretaxas impostas pelo governo Donald Trump está paralisada no Senado. O impasse opõe governo e oposição sobre a inclusão dos gastos da iniciativa dentro das regras do novo arcabouço fiscal.
A proposta central está no Projeto de Lei Complementar (PLP) 168/2025, que autoriza aporte de R$ 2 bilhões no Fundo Garantidor de Investimentos (FGI) para lastrear operações de crédito a pequenas e médias exportadoras. O texto principal foi aprovado em 24 de setembro, mas dois destaques da oposição ainda precisam ser analisados em plenário.
O destaque mais sensível, apresentado pelo líder do PL, Carlos Portinho (RJ), retira o artigo que exclui as despesas do Plano Brasil Soberano das metas de resultado primário e dos limites de despesa. Para manter a exceção, o governo precisa do voto favorável de 41 dos 81 senadores.
Na semana passada, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), retirou o tema da pauta devido ao baixo quórum. As sessões programmadas para esta semana são semipresenciais, mas a votação do destaque depende de presença física no plenário, o que reduz a probabilidade de apreciação imediata.
Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo e autor do PLP, admite que a deliberação pode ficar para depois, embora continue negociando com parlamentares da oposição. O grupo oposicionista, porém, está dividido: parte teme ser acusada de negar apoio emergencial a exportadores pressionados pelas novas tarifas.
A demora na análise do PLP afeta a Medida Provisória 1.309, que detalha outras ações do plano. O relator, senador Fernando Farias (MDB), ainda não apresentou parecer. A MP precisa ser votada por comissão mista e pelos plenários da Câmara e do Senado até 11 de dezembro. Foram apresentadas 365 emendas, a maioria de oposição.
Entre as emendas, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) propôs limitar a duração dos benefícios e incluir cláusula de interrupção caso o cenário internacional se normalize antes do prazo de 180 dias previsto no texto original.
Imagem: redir.folha.com.br
Eixo 1 – Fortalecimento do setor produtivo
Eixo 2 – Proteção aos trabalhadores
Eixo 3 – Diplomacia comercial
O governo argumenta que o tarifaço é um evento excepcional não previsto no orçamento e, portanto, seus custos devem ficar fora do limite de despesa. A oposição, por sua vez, insiste em aplicar a regra fiscal, o que mantém o pacote em espera.