
Um estudo conduzido pelos economistas Raphael Corbi (FEA/USP), Fabio Miessi (EESP/FGV) e Bladimir Carillo (EESP/FGV), em parceria com o mestrando Guilherme Figueira (FGV), indica que a perda do emprego aumenta em cerca de 40% a probabilidade de um trabalhador fundar uma igreja nos anos subsequentes à demissão.
Os pesquisadores cruzaram dados de vínculos formais de trabalho com registros de CPFs de todas as pessoas que já abriram templos religiosos no Brasil. Ao analisar demissões em massa, o grupo conseguiu medir a reação de profissionais a um choque econômico inesperado.
Nas últimas quatro décadas, o país passou de quase totalmente católico para ter quase 30% da população evangélica. O levantamento sugere que fatores econômicos, além de motivações espirituais, ajudam a explicar essa transformação.
O efeito identificado pelos autores concentra-se em denominações evangélicas classificadas como não missionárias — igrejas menores, independentes, que não exigem formação teológica formal nem grande infraestrutura. Um salão alugado, equipamento de som e um grupo inicial de fiéis costumam ser suficientes para iniciar as atividades.
O mesmo não ocorre entre igrejas evangélicas tradicionais, que demandam anos de preparação pastoral e investimentos maiores em instalações físicas.

Imagem: redir.folha.com.br
Entre os demitidos, aqueles que recebem valores mais altos de multa rescisória ligada ao FGTS mostram probabilidade ainda maior de abrir um templo. Para os autores, o dado reforça o peso dos incentivos econômicos nesse processo.
Por contar com baixa regulamentação, custos reduzidos de entrada e isenção de impostos, o setor religioso se torna, segundo o estudo, uma alternativa de renda em períodos de restrição de oportunidades no mercado de trabalho.






