Em coluna publicada em novembro de 2025 na Folha de S.Paulo, o economista Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central do Brasil e vice-chairman do Nubank, apresentou sete argumentos contra a criação de impostos sobre riqueza. O autor defende que esse tipo de tributo tende a reduzir investimentos, prejudicar o crescimento e estimular a evasão de capitais.
Campos Neto afirma que tributar o patrimônio diminui o retorno líquido do capital, desincentivando a tomada de risco. Como exemplo, cita a Dinamarca, que extinguiu seu imposto sobre riqueza entre 1989 e 1997; estimativas apontam aumento de 20% a 30% na acumulação de capital dos mais ricos após a medida, impulsionando investimento e produtividade.
O economista argumenta que menor formação de capital e menor inovação resultam em menos vagas de trabalho. Ele menciona estudo de Charles Jones, publicado no Journal of Political Economy, segundo o qual elevar a alíquota máxima de imposto de renda nos EUA de 50% para 75% reduziria o PIB per capita de longo prazo em 6%, mesmo se toda a arrecadação extra fosse distribuída aos 50% mais pobres.
Segundo Campos Neto, a taxação do patrimônio direciona capital para áreas favorecidas por isenções ou subsídios, em vez de projetos produtivos. O artigo recorda que, após 2012, o Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna (ISF) na França incentivou aplicações em imóveis e pequenas empresas isentas, enquanto aportes em ações e startups diminuíram. Em 2018, o governo francês substituiu o ISF pelo IFI, restrito a imóveis, e implementou uma alíquota única para investimentos financeiros.
O ex-presidente do BC sustenta que impostos sobre fortuna estimulam a transferência, legal ou não, de recursos para paraísos fiscais ou países com tributação menor. Ele lembra que o ISF levou contribuintes franceses a migrar para Bélgica e Suíça e cita projeção da consultoria Henley & Partners indicando que o Brasil poderá perder cerca de 1.200 milionários em 2025, retirando do país aproximadamente US$ 8,4 bilhões em ativos.
Campos Neto destaca que cobrar imposto sobre patrimônio exige estrutura cara e complexa. Estudos apontam despesas de fiscalização e conformidade equivalentes a 10%–20% da própria arrecadação, valor muito superior ao observado em tributos sobre renda ou consumo.
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Para o economista, redistribuir riqueza sem ganhos de eficiência reduz o incentivo ao trabalho e à qualificação, freando a ascensão social. Ele sustenta que crescimento mais lento diminui oportunidades e perpetua a pobreza.
Por fim, Campos Neto argumenta que a taxação de grandes fortunas aprofunda divisões sociais ao promover o que define como “discurso da inveja”. Segundo ele, isso enfraquece a ética do trabalho, estimula o intervencionismo estatal e mina a confiança nas instituições.
No encerramento da coluna, o ex-dirigente defende que o ajuste fiscal deve priorizar redução de gastos e aumento de eficiência governamental, em vez de novos tributos sobre patrimônio.