Londres, 5 de junho – O preço do ouro voltou a subir nesta quarta-feira (5) diante da maior procura por ativos de proteção, movimento que ocorre após a sequência de perdas nos principais índices acionários ao redor do mundo.
Por volta de 10h28 (horário local), o metal à vista avançava 0,8%, sendo negociado a US$ 3.965,04 por onça, aproximando-se novamente da marca de US$ 4.000. Na véspera, o ouro havia recuado quase 2% devido ao fortalecimento do dólar.
A aversão ao risco ganhou força depois que três dirigentes do Federal Reserve evitaram sinalizar apoio explícito a um corte de juros em dezembro. As declarações indicaram cautela diante da combinação de inflação ainda resistente e sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho norte-americano.
As incertezas a respeito da trajetória da taxa básica nos Estados Unidos levaram investidores a migrar para ativos considerados seguros. Os Treasuries se valorizaram, enquanto as bolsas globais ampliaram a maior sequência de quedas em quase um mês.
Novos pronunciamentos de autoridades do Fed são esperados ainda nesta semana, entre eles o do presidente da distrital de St. Louis, Alberto Musalem. Taxas de juros mais baixas tendem a aumentar a atratividade do ouro em relação a títulos que pagam cupons.
Mesmo com a correção recente, a cotação do metal acumula alta de cerca de 50% em 2025. O ouro cravou recorde histórico no mês passado, mas devolveu parte dos ganhos na sequência, movimento acompanhado por saídas de fundos negociados em bolsa (ETFs) lastreados no ativo.
Imagem: Bloomberg via infomoney.com.br
Para Bart Melek, estrategista do TD Securities, não surpreenderá se o preço permanecer consolidado entre US$ 3.800 e US$ 4.050 por onça enquanto persistem dúvidas sobre o ritmo de cortes de juros e sobre a demanda do varejo chinês. Ainda assim, Melek avalia que a tendência de alta segue sustentada por compras robustas de bancos centrais e pelo interesse de investidores privados.
Ole Hansen, estrategista de commodities do Saxo Bank, observa que o clima no mercado passou de euforia para análise mais cautelosa. Segundo ele, os operadores reavaliam quanto dos temas projetados para 2025 — redução de juros, estresse fiscal, cobertura geopolítica e compras oficiais — já foi incorporado aos preços.
Enquanto o Bloomberg Dollar Spot Index operava estável, depois de encerrar ontem no nível mais alto desde meados de maio, outros metais preciosos também registravam ganhos: a prata avançava 1,2%, a platina mantinha estabilidade e o paládio apresentava leve alta.
O movimento conjunto reforça o foco dos investidores em proteção, em meio às dúvidas sobre o rumo da política monetária norte-americana e à volatilidade das bolsas.