Brasília – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve iniciar uma série de viagens por diferentes estados para apresentar a recém-aprovada ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) até R$ 5.000 mensais e defender outras propostas de justiça tributária do governo federal.
O projeto, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi aprovado no Senado na quarta-feira (5) e aguarda sanção presidencial. Além da isenção para quem recebe até R$ 5.000, o texto estabelece desconto progressivo para rendas entre R$ 5.000 e R$ 7.350.
Interlocutores de Haddad afirmam que as viagens devem ocorrer logo após a sanção para destacar a medida, considerada pelo Palácio do Planalto fundamental para impulsionar a popularidade de Lula antes das eleições de 2026. O ministro aproveitará as agendas nos estados para também promover outras iniciativas de reestruturação tributária em tramitação no Congresso.
Aliados avaliam que a aprovação do projeto recoloca o tema tributário no centro do debate público, num momento em que o governo enfrenta desgaste provocado pela crise de segurança no Rio de Janeiro. Segundo um auxiliar próximo, a orientação de aumentar a presença de ministros nos estados já partia do próprio presidente.
Há expectativa de realizar a assinatura da lei no Palácio do Planalto a partir de 11 de novembro, após o retorno de Lula da COP30, em Belém. A cerimônia deve reunir parlamentares, lideranças partidárias e representantes da sociedade civil.
Em vídeo publicado nas redes sociais nesta quinta (6), Lula agradeceu ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), pela “rapidez” na votação e informou que deseja sancionar o texto na presença dele. “O povo vai ficar orgulhoso de ter sido isento de pagar IR”, declarou.
Imagem: redir.folha.com.br
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) e o PT preparam peças para televisão e mídias digitais a fim de divulgar a nova faixa de isenção. A linha de comunicação seguirá o discurso adotado recentemente pelo governo de “cobrar mais de quem ganha mais para beneficiar quem ganha menos”.
Dentro do Executivo, a medida é vista como oportunidade para melhorar a avaliação do ministro. Desde o início do governo, Haddad enfrentava críticas – inclusive de aliados – por iniciativas consideradas impopulares, o que lhe rendeu o apelido de “Taxad” na oposição.
Ao comemorar a aprovação, Haddad disse em vídeo que a mudança no IR “abre uma avenida” para outras pautas tributárias e que “todos ganham” com a distribuição mais justa das oportunidades.
Aliados estimam que milhões de brasileiros serão beneficiados e defendem ampliar a divulgação para maximizar o efeito político da proposta.