O dólar abriu a sessão desta quarta-feira (12) perto da estabilidade, um dia depois de encerrar os negócios no nível mais baixo desde junho de 2024.
Às 9h06, a moeda norte-americana recuava 0,01%, negociada a R$ 5,2739. Na véspera, a divisa já havia caído 0,62%, para R$ 5,273, movimento que acompanhou a forte busca global por ativos considerados mais arriscados.
No mesmo ambiente, o Ibovespa avançou 1,6% na terça-feira (11), alcançando 157.748 pontos e renovando o recorde histórico pelo 12º pregão consecutivo. Foi a primeira vez que o índice operou acima dos 156 mil pontos.
Operadores aguardam a decisão da Câmara dos Representantes sobre o projeto que reabre o governo dos Estados Unidos. O texto, aprovado no Senado na segunda-feira (10) por 60 votos a 40, estende o financiamento federal até 30 de janeiro e segue para sanção do presidente Donald Trump caso receba aval dos deputados.
A paralisação, iniciada em 1º de outubro, é a mais longa da história americana e interrompeu a divulgação de indicadores econômicos usados pelo Federal Reserve para definir a política de juros. A retomada dos dados é vista por analistas como condição para que o banco central dos EUA retome o ciclo de cortes, possibilidade sinalizada pelo presidente Jerome Powell em outubro.
Com o retorno do funcionamento normal do governo norte-americano, a expectativa é de maior clareza sobre a economia dos EUA e de possível redução dos juros por lá em 2025. A combinação de taxas mais baixas nos Estados Unidos e Selic alta no Brasil, atualmente em 15% ao ano, favorece a estratégia de carry trade e a entrada de capital estrangeiro em mercados emergentes.
O índice DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis moedas fortes, caiu 0,14% na terça-feira, para 99,44 pontos, reforçando o movimento de desvalorização global da divisa.
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A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, divulgada na terça-feira, reafirmou que a Selic permanecerá em 15% por período “bastante prolongado” para assegurar a convergência da inflação à meta. O documento reconheceu desaceleração gradual da atividade econômica, leve recuo da inflação corrente e alguma melhora nas expectativas, mas reiterou que ainda não há espaço para cortes imediatos.
O mercado projeta que o primeiro ajuste para baixo da taxa básica possa ocorrer apenas na reunião de janeiro.
O IPCA subiu 0,09% em outubro, abaixo dos 0,48% registrados em setembro e da mediana de 0,15% estimada pela Bloomberg. Em 12 meses, a inflação acumulada alcançou 4,68%, também inferior à expectativa de 4,75%.
A combinação de inflação mais baixa, recuo nos juros futuros e valorização do petróleo — que beneficia papéis da Petrobras — sustentou a sequência de altas do principal índice da B3. Com o cenário externo mais estável e diferença de juros ainda ampla, analistas veem espaço para novas altas nos próximos meses.