O Reino Unido precisa criar e regulamentar uma stablecoin atrelada à libra esterlina para preservar a competitividade global do setor de serviços financeiros britânico. A avaliação é de Mark Fairless, diretor-geral do ClearBank, empresa de infraestrutura bancária e fintech, em entrevista concedida durante o Web Summit 2025, em Lisboa (Portugal).
“A capacidade de liquidar pagamentos internacionais em tempo real requer uma stablecoin em libra. Sem isso, corremos o risco de ficar atrás de outros centros financeiros”, declarou o executivo.
Fairless destacou que, embora o token em libra jamais alcance a capitalização de mercado das stablecoins lastreadas em dólar ou euro — já que a libra não é moeda de reserva global —, o instrumento é essencial para reduzir atritos nos pagamentos transfronteiriços e acompanhar a migração dos mercados de capitais para a tecnologia blockchain.
Segundo dados da plataforma RWA.XYZ citados pelo executivo, aproximadamente US$ 299,4 bilhões dos quase US$ 300 bilhões de capitalização do mercado de stablecoins estão denominados em dólar.
Em paralelo, a vice-governadora de Estabilidade Financeira do Banco da Inglaterra (BoE), Sarah Breeden, afirmou que o país pretende acompanhar o ritmo dos Estados Unidos na formulação de normas para stablecoins e trabalhar em conjunto com parceiros internacionais para alinhar exigências regulatórias.
Imagem: cointelegraph.com
Breeden alertou, contudo, que flexibilizar demais as regras pode transformar o segmento em risco sistêmico para o sistema bancário. Na segunda-feira, o BoE publicou um documento de consulta que delineia o arcabouço regulatório proposto para emissores de stablecoins, incluindo requisitos de reserva, classificação de ativos e normas de gerenciamento de risco.
A consulta pública ficará aberta até fevereiro de 2026, e a versão definitiva das regras é esperada para o segundo semestre do mesmo ano.
Fairless concluiu que os serviços financeiros são um dos pilares da economia britânica e que, por isso, a adoção de stablecoins representa “o próximo passo lógico”, embora os impactos sobre o modelo de negócios dos bancos tradicionais ainda não estejam claros.