São Paulo – A Medida Provisória 1304, aprovada pela Câmara e pelo Senado e agora aguardando sanção presidencial, dominou o call de resultados do fundo XP Infra II nesta sexta-feira (14). O texto redefine as regras de compensação por curtailment no setor elétrico e pode restituir mais de 60% das perdas registradas por algumas geradoras desde 2023.
Túlio Machado, responsável pela gestão, explicou que o efeito varia conforme o ponto de entrega de energia, mas ativos como o complexo solar Apodi, no Ceará, e os parques eólicos Vila Acre 1 e Vila Acre 2, no Rio Grande do Norte, devem ser diretamente beneficiados. “O pior ficou para trás”, resumiu o time durante a apresentação.
Com 11 ativos no portfólio, o fundo aguarda a conclusão da compra de 49% da linha de transmissão Pantanal, em Campo Grande (MS), arrematada pela holding Orion em leilão da Selgpar. Operacional e sem endividamento, o empreendimento será financiado por operação de acquisition finance contraída pela própria Orion. A gestora descreveu o projeto como “acrítico e estratégico” para geração de alfa.
Atualmente, cerca de 73% dos recursos do XP Infra II estão alocados em participações societárias, com maior peso no segmento de transmissão, considerado o mais previsível do setor elétrico. O restante está distribuído entre geração eólica e solar. A estratégia de mesclar equity e crédito permanece central, segundo a administração.
Mesmo afetada pelo curtailment, a holding Alameda Acre – dona de Vila Acre 1 e 2 – distribuiu R$ 43 milhões no terceiro trimestre. Desde a aquisição, em dezembro de 2023, os parques já devolveram aproximadamente um terço do capital investido.
No Ceará, o complexo Apodi registrou recuperação parcial após a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) recalcular o impacto do corte de geração de 2024, excluindo interrupções não atribuídas à usina. A gestora citou o caso como exemplo prático de como a MP 1304 tende a melhorar resultados.
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Entre os projetos solares, o Sol Maior mantém margem EBITDA de 64% e produção dentro do previsto. Há ainda disputa judicial de R$ 3,2 milhões com a seguradora Fairfax referente a danos ocorridos em 2020, já reparados.
Apesar da expectativa de frustração de cerca de R$ 14 milhões na distribuição do ativo Campo Tiba (F3CI), o XP Infra II manteve o guidance de pagamento de R$ 1,00 por cota ao mês até dezembro deste ano e R$ 12,00 por cota em 2026. A administração disse contar com margens de manobra dentro da carteira para cobrir eventuais lacunas.
Com as cotas negociadas em torno de R$ 55,00 e valor patrimonial de R$ 80,10, a XP Asset calcula retorno implícito próximo a IPCA + 15% ao ano. O fundo registra liquidez média diária de R$ 2 milhões e possui 10,7 mil cotistas.