NOVA YORK, 18 de novembro de 2025 – Os títulos de renda fixa nos Estados Unidos acumulam, em 2025, a melhor performance em cinco anos. O Bloomberg U.S. Aggregate Bond Index registra valorização aproximada de 6,7% no ano, considerando variação de preços e pagamento de cupons, ritmo que, mantido, supera qualquer resultado desde 2020.
O avanço é favorecido pelos dois cortes de juros promovidos pelo Federal Reserve até agora, em meio a desaceleração na criação de empregos e no consumo. A combinação alimenta expectativas de novas reduções, ao mesmo tempo em que a inflação continua perdendo força.
No ano passado, o mesmo índice, composto principalmente por Treasuries, debêntures de grau de investimento e títulos hipotecários de agências, entregou ganho de 5,5%. Em 2024, porém, quase não saiu do lugar, após as fortes perdas de 2022 causadas pela campanha do Fed contra a alta de preços.
Gestores afirmam que 2025 traz cenário distinto. “Está bem mais agradável visitar clientes como gestor de renda fixa”, disse Cal Spranger, da Badgley Phelps Wealth Managers. “Alguns anos atrás eu nem era convidado.”
Embora os rendimentos dos Treasuries e de papéis corporativos tenham recuado, continuam superiores aos níveis historicamente baixos vistos na década passada, estimulando investidores a travar essas taxas.
Episódios pontuais de venda abrupta em Treasuries, no início do ano, acenderam alertas sobre o impacto do elevado déficit público dos Estados Unidos, que atingiu US$ 1,8 trilhão no ano fiscal de 2025. Necessidades maiores de financiamento tendem a pressionar os rendimentos, mas, até o momento, a queda geral das taxas prevaleceu.
Na sexta-feira, o rendimento do título de dez anos fechou em 4,147%, quase meio ponto percentual abaixo do nível de janeiro. O governo Trump também atuou para conter volatilidade, suspendendo em abril a maior parte das tarifas “recíprocas” após reclamações de investidores de bônus. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou ser prioridade manter baixos os rendimentos de Treasuries de longo prazo, referência para juros de hipotecas a empréstimos estudantis.
Imagem: Krystal Hur via foxbusiness.com
A trajetória futura dos juros permanece incerta. Em outubro, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o comitê está “longe” de decidir novo corte em dezembro. Contratos futuros mediam, na sexta, 46% de probabilidade de redução, ante 67% uma semana antes.
Outro ponto de atenção é o estreitamento dos spreads entre títulos corporativos de grau de investimento e Treasuries, que chegaram a 0,72 ponto percentual em setembro e estão agora em 0,83. Para Mike Goosay, diretor-geral de renda fixa da Principal Asset Management, o nível elevado de endividamento federal pode voltar a pesar: “Só é possível tomar empréstimos até certo ponto antes de os investidores se afastarem”.
Mesmo assim, parte do mercado acredita que os cortes de juros ainda não terminaram. Matt Brill, gestor da Invesco, prefere papéis de vencimento mais curto apostando que dados econômicos pressionarão o Fed a seguir reduzindo a taxa básica. “Não há muitas demissões, mas também não há criação de vagas suficientes. Isso preocupa o Fed”, avaliou.
Se o cenário se mantiver, 2025 poderá consolidar-se como o melhor ano para o investidor de renda fixa desde o início da pandemia.