Representantes de empresas e entidades do agronegócio brasileiro comemoraram nesta quinta-feira (20) a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de revogar tarifas extras que chegavam a 40% sobre produtos agrícolas do país.
O decreto assinado em Washington retira a sobretaxa aplicada desde julho a 212 itens, entre eles carne bovina, café e fertilizantes à base de amônia. Os segmentos afetados eram parte relevante da pauta de exportações do Brasil para o mercado norte-americano.
A Amcham Brasil avaliou que a medida é “um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral”, com impacto imediato na competitividade das empresas. A câmara de comércio disse, contudo, que seguirá defendendo a suspensão de tarifas ainda existentes sobre bens industriais.
Para Marcos Antonio Matos, diretor-geral do Cecafé, a retirada dos 40% extras recoloca o produto brasileiro em “pé de igualdade” com concorrentes. Segundo ele, torrefadores dos EUA também pressionaram pela mudança.
A Abiec qualificou a decisão como prova da efetividade do diálogo técnico conduzido pelo governo brasileiro. A entidade informou que continuará a trabalhar para expandir mercados e oportunidades à carne bovina do país.
O presidente da ABIC, Pavel Cardoso, atribuiu o resultado à atuação conjunta de diplomatas e da cadeia produtiva do café, que forneceu dados e argumentos usados nas negociações.
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Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, o recuo das tarifas anima novas rodadas de conversa sobre produtos manufaturados. Ele lembrou que, na semana anterior, Washington e Brasília já haviam eliminado tarifas recíprocas de 10%, mas os produtores brasileiros continuavam em desvantagem por causa das sobretaxas adicionais agora revogadas.
Segundo Paulo Mustefaga, presidente executivo da Abrafrigo, a carne bovina brasileira volta a pagar a alíquota regular de 26,4%, em vigor antes do aumento anunciado em julho. “O fluxo normal de comércio deve ser restabelecido”, afirmou. Ele ressaltou que o preço da carne nos EUA é praticamente o dobro do brasileiro, o que permitiu a manutenção de embarques mesmo com tarifas superiores a 70%, embora o volume em outubro tenha caído mais de 50% em relação ao mesmo mês de 2024.
As entidades preveem que a revogação das taxas extras ajude o Brasil a recuperar participação no mercado norte-americano nas próximas semanas.