São Paulo – Organizações de proteção animal intensificaram críticas ao transporte marítimo de animais após a revelação de que o navio Spiridon 2, carregado com 2.901 vacas, permanece no mar há mais de dois meses e só deve atracar em Montevidéu em 15 de dezembro.
De acordo com a Animal Welfare Foundation (AWF) e a Organização Internacional de Proteção Animal (Oipa), o cargueiro deixou a capital uruguaia em 20 de setembro, chegou a Bandirma, na Turquia, em 22 de outubro, mas foi impedido de desembarcar a carga. A embarcação ficou quase um mês parada em alto-mar aguardando autorização antes de iniciar o retorno.
O governo turco informou à agência AFP, na sexta-feira (14), que inspeções constataram ausência de brincos e chips de identificação em parte do rebanho, além de divergência envolvendo 469 animais que não constavam nas listas apresentadas. Por essas falhas, a entrada foi vetada.
O diretor de Serviços Pecuários do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Marcelo Rodríguez, declarou à AFP tratar-se de litígio comercial, não de questão sanitária.
Segundo as entidades, 58 bovinos morreram e os corpos permanecem em decomposição no porão, expondo os demais a risco sanitário. Quase metade das fêmeas estaria prenhe; mais de 140 teriam parido durante a travessia, sem confirmação sobre a sobrevivência dos bezerros.
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Dados do site Vessel Finder indicam que o Spiridon 2 deixou águas turcas em 9 de novembro, seguindo para Benghazi, na Líbia. Após essa escala, o navio tem previsão de regressar ao Uruguai, onde deverá chegar na metade de dezembro.
A Oipa classificou o caso como “um dos piores da história recente do transporte animal” e afirmou não haver indícios de reabastecimento de ração, água ou medicamentos, nem de limpeza de dejetos e carcaças. “Se nada for feito, eles provavelmente serão deixados para morrer no mar”, declarou a organização, que reivindica inspeções portuárias mais rigorosas e revisão das regras da União Europeia para embarques vivos.