Petrobras reduzirá investimentos em novo plano de cinco anos após queda do petróleo

Rio de Janeiro – A Petrobras vai anunciar nesta sexta-feira (27) um plano de negócios revisto para o período de 2026 a 2030, com investimento total de US$ 106 bilhões (aproximadamente R$ 570 bilhões). O valor representa corte de US$ 5 bilhões em relação ao programa anterior, elaborado quando o barril do Brent superava US$ 80.

Ajustes diante do Brent a US$ 60

Com o petróleo agora em torno de US$ 60 (R$ 320) por barril, fontes próximas à companhia informam que projetos vistos como viáveis no plano antigo precisam ser reavaliados. A carteira em execução deve cair de US$ 98 bilhões (R$ 530 bilhões) para US$ 91 bilhões (R$ 490 bilhões), enquanto a lista de iniciativas em análise passará de US$ 13 bilhões (R$ 70 bilhões) para US$ 15 bilhões (R$ 80 bilhões).

Pelo menos duas propostas voltarão à etapa de avaliação: a revitalização de campos maduros da Bacia de Campos e a produção em águas profundas em Sergipe. Grandes empreendimentos do pré-sal permanecem nos planos, pois seguem rentáveis mesmo com petróleo mais barato.

Reflexo sobre renováveis e aquisições

O cenário de preços menores afasta a estatal de investimentos em energias renováveis e dificulta operações como a entrada no setor de etanol, prevista anteriormente.

Dividendos e endividamento em foco

Analistas avaliam que, sem ajustar aportes, a Petrobras poderia comprometer a política de distribuição de dividendos e ultrapassar o teto de endividamento, fixado em US$ 75 bilhões. No terceiro trimestre, a dívida já somava US$ 71 bilhões. Investidores veem o corte com bons olhos, enquanto sindicatos defendem priorizar investimentos sobre remuneração aos acionistas.

Imagem: redir.folha.com.br

Projeções de mercado

As estimativas para o preço do Brent são negativas: há análises que apontam US$ 50 (R$ 280) por barril. Na quarta-feira (26), a cotação fechou em US$ 62,54 (R$ 334) após sucessivos aumentos de produção sem correspondente alta na demanda. O plano vigente da Petrobras projetava US$ 83 em 2025, caindo gradualmente até US$ 69 em 2029.

Tendência internacional

A decisão da estatal brasileira acompanha movimento de grandes companhias de energia. Em setembro, a francesa TotalEnergies informou que reduzirá em US$ 1 bilhão seu investimento anual médio pelos próximos quatro anos e cortará US$ 3,5 bilhões em custos. BP, do Reino Unido, e Equinor, da Noruega, também vêm priorizando projetos de maior retorno no petróleo e diminuindo aportes em renováveis.

O novo plano da Petrobras será detalhado nesta sexta-feira, quando a diretoria apresentará metas, prioridades e o cronograma de investimentos para os próximos cinco anos.