Chatbots programados para confrontar ideias antissemitas demonstraram capacidade de diminuir a adesão a teorias conspiratórias, aponta pesquisa apoiada pela Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês).
O experimento envolveu 1.224 adultos nos Estados Unidos que concordavam com pelo menos uma de seis teorias conspiratórias sobre judeus. Após breves diálogos com um modelo de linguagem treinado para refutar esses boatos, a crença nas teorias caiu 16%, segundo os pesquisadores. Entre participantes que expressavam visão desfavorável sobre judeus, a favorabilidade aumentou 25%.
Quase metade dessa redução persistiu mais de um mês depois, indicando efeito duradouro. Os diálogos apresentavam dados e contra-argumentos factuais, sem recorrer a apelos emocionais, destacaram os autores.
O chatbot confrontou afirmações como:
Jonathan Greenblatt, diretor executivo da ADL, considerou “encorajador” ver preconceitos arraigados sendo contestados por ferramentas tecnológicas escaláveis. David G. Rand, professor da Universidade Cornell e autor sênior do estudo, ressaltou que “os fatos ainda importam na mudança de opinião”. Matt Williams, vice-presidente do Centro de Pesquisa sobre Antissemitismo da ADL, defendeu a integração de soluções semelhantes em mecanismos de busca, redes sociais e campanhas públicas.
Imagem: Rachel Wolf FOXBusiness via foxbusiness.com
Os resultados surgem em meio à elevação de incidentes antijudaicos nos Estados Unidos. Auditoria anual da ADL contabilizou 9.354 ocorrências em 2024 — 5% a mais que em 2023 e 926% acima do registrado em 1979, quando a série histórica começou. A média diária ultrapassou 25 casos, incluindo 196 agressões físicas, 2.606 atos de vandalismo e 6.552 episódios de assédio.
A pesquisa reforça o potencial de ferramentas de inteligência artificial para combater discursos de ódio num contexto de proliferação de teorias conspiratórias online.