O assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor, Michael Viriato, recorreu à Lei de Parkinson para explicar por que muitas pessoas adiam tarefas essenciais na organização das finanças pessoais. Segundo o historiador britânico Cyril Northcote Parkinson, “o trabalho se expande para preencher todo o tempo disponível para sua realização” — lógica que, na visão de Viriato, se repete quando o assunto é dinheiro.
Em artigo publicado nesta segunda-feira (data original de publicação: novembro de 2025), o especialista recorda um episódio do início da carreira, quando viveu em um apartamento de 30 m² e tinha uma pequena geladeira sempre lotada. Anos depois, ao mudar-se para um imóvel de 70 m² com eletrodoméstico maior, o espaço voltou a ficar totalmente ocupado em poucas semanas. O exemplo reforça a tese de que “tempo, renda e energia vazios tendem a ser preenchidos pela rotina”, afirmou.
De acordo com Viriato, a postergação compromete três áreas fundamentais da vida financeira:
O consultor relata ter visto clientes perderem parte significativa do potencial de retorno ao adiar aplicações por apenas seis meses. Já em casos de doença ou morte na família, a falta de estrutura gerou dupla dor: emocional e burocrática.
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Para contornar o problema, Viriato recomenda começar com pequenas ações: reservar dez minutos semanais para rever despesas, fazer aportes modestos e conversar rapidamente sobre seguros ou herança. “O futuro chega, gostemos ou não; a questão é como estaremos quando ele bater à porta”, escreveu.
Sêneca, filósofo romano citado no texto, resume a lógica: “não é que temos pouco tempo, é que desperdiçamos muito”. A combinação entre a máxima clássica e a Lei de Parkinson, conclui o assessor, ajuda a explicar por que o planejamento financeiro costuma ficar para depois — e por que começar, ainda que de forma imperfeita, é decisivo.