Brasília – O uso da cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) como argumento comercial para atrair investidores passou a receber atenção redobrada depois da liquidação do Banco Master, afirmaram as repórteres Nathalia Garcia e Idiana Tomazelli durante a edição desta quinta-feira (27) da C-Level Call.
Liquidado em 19 de novembro, o Banco Master ofertava títulos de alta rentabilidade destacando a proteção de até R$ 250 mil assegurada pelo FGC. A quebra da instituição, controlada por Daniel Vorcaro, obrigará o fundo a desembolsar cerca de R$ 41 bilhões para ressarcir aplicadores – o maior valor já registrado.
Segundo Nathalia Garcia, a forma como bancos e financeiras utilizam a garantia em suas campanhas de venda pode levar o Banco Central a ser pressionado por mudanças nas regras de divulgação. “A questão do marketing virou ponto de atenção”, disse a jornalista.
Idiana Tomazelli destacou, na mesma transmissão, as apurações da Polícia Federal sobre carteiras de crédito supostamente fictícias negociadas pelo Banco Master com o Banco de Brasília (BRB). As investigações querem saber se outras instituições também adquiriram esses ativos sem lastro.
Outro episódio relacionado ao caso envolve o ex-diretor da Caixa Asset, Igor Macedo Laino, multado em R$ 10 mil pelo Tribunal de Contas da União em outubro. Ele tentou aprovar a compra de R$ 500 milhões em letras financeiras do Master, desconsiderando pareceres que apontavam baixa liquidez, prazo elevado e concentração atípica.
Imagem: redir.folha.com.br
Durante a C-Level Call, Tomazelli também comentou a situação financeira de estatais federais como Eletronuclear, Correios e Casa da Moeda. De acordo com relatório do Ministério do Planejamento e Orçamento, o grupo registrou déficit superior à meta da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, exigindo aporte extra de quase R$ 3 bilhões do Tesouro este ano.
Um técnico da área econômica ouvido pela repórter classificou o problema como “assunto-bomba”, citando a Eletronuclear — responsável por Angra 1 e Angra 2 — como empresa em risco de colapso, sem previsão de reversão no curto prazo.
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