O investidor brasileiro já consegue acessar uma variedade de produtos lastreados em criptoativos diretamente na B3, que vão de ETFs a contratos futuros, além de BDRs e ações de empresas com caixa em Bitcoin. O movimento acompanha a expansão de um mercado que, fora da bolsa, gira cerca de R$ 30 bilhões por mês em compras e vendas diretas de criptomoedas.
O primeiro produto regulado de cripto na bolsa foi o ETF HASH11, lançado em abril de 2021. Desde então, a prateleira aumentou ano após ano e, apenas em 2025, foram incluídos 16 novos veículos, totalizando 35 itens listados. Desse total, 24 são ETFs com diferentes estratégias — de exposição pura a Bitcoin a cestas que combinam criptos com ouro.
Alguns desses fundos, como os de Solana e XRP, ainda não possuem equivalentes no mercado norte-americano, o que evidencia o protagonismo regulatório local. No fim de outubro, os ETFs somavam 400 mil cotistas e patrimônio de aproximadamente R$ 8 bilhões.
A B3 conta com dois BDRs da série iShares — um para Bitcoin e outro para Ethereum — e mais seis BDRs de ETPs da gestora suíça 21Shares. O iShares Bitcoin Trust (IBIT), negociado na Nasdaq desde janeiro de 2024, é hoje o maior ETF de Bitcoin do mundo, com US$ 68 bilhões em ativos.
O contrato futuro de Bitcoin estreou em abril de 2024. Só em outubro de 2025, o volume negociado ultrapassou R$ 110 bilhões. Em junho deste ano, chegaram os contratos de Ethereum e Solana; desde então, movimentaram aproximadamente R$ 17 bilhões e R$ 26 bilhões, respectivamente. O futuro de Solana chegou a registrar mais de R$ 1 bilhão em um único dia.
A Méliuz (CASH3) tornou-se, no início de 2025, a primeira companhia listada na B3 a adotar Bitcoin como parte da tesouraria, inaugurando no país o conceito de Bitcoin Treasury Company. A fintech OranjeBTC (OBTC3) seguiu o mesmo caminho, dedicando 100 % do negócio à compra da criptomoeda. Na bolsa também estão disponíveis BDRs da norte-americana Strategy (M2ST34), que detém a maior posição corporativa em Bitcoin no mundo.
Imagem: Alubalish via valorinveste.globo.com
Segundo Marcos Skistymas, diretor de Produtos da B3, o próximo passo é ampliar o pregão de cripto de 8h às 20h a partir do início de 2026, aproximando-se do funcionamento ininterrupto das exchanges internacionais.
Para o planejador financeiro Gustavo Cunha, ETFs são a porta de entrada mais simples, pois dispensam custódia própria e carteiras digitais. BDRs oferecem exposição externa em reais, enquanto contratos futuros demandam maior conhecimento por envolverem alavancagem e ajustes diários. Já ações de empresas que mantêm Bitcoin no caixa proporcionam exposição indireta, mas podem sofrer caso precisem liquidar ativos em períodos de queda.
Em novembro, o Bitcoin recuou 20 %, negociado perto de US$ 90 mil. Desde o recorde de US$ 124 mil no início de outubro, a queda é de 27 %. Mesmo assim, em três anos — desde o piso de US$ 15 mil em novembro de 2022 — o ganho acumulado alcança 500 %.