O aumento dos preços de materiais para erguer galpões está mudando a formação de preços no segmento logístico brasileiro. A avaliação é de Simone Santos, sócia-diretora da Binswanger Brazil, que vê nos aluguéis mais altos um fator decisivo para sustentar a valorização dos fundos imobiliários (FIIs) voltados ao setor.
De acordo com Santos, hoje “é praticamente impossível” viabilizar novos projetos por menos de R$ 28 por metro quadrado na média nacional. No raio de até 30 quilômetros da cidade de São Paulo, o piso já chega a aproximadamente R$ 35/m², influenciado também pelo encarecimento dos terrenos.
Apesar da taxa básica elevada, a executiva projeta um dos maiores volumes de entregas desde o início da pandemia. A expectativa de queda da Selic ao longo de 2026 deve reforçar o ciclo de valorização, estimulando novos investimentos ancorados nos aluguéis mais caros.
Muitas incorporadoras passaram a dividir os empreendimentos em fases. Um complexo de 200 mil m², por exemplo, pode iniciar com 50 mil m² e ser expandido conforme a demanda, estratégia que evita excesso de oferta.
Imagem: infomoney.com.br
A taxa média de vacância no país gira em torno de 8%, mas em diversas localidades fora dos grandes polos quase não há espaços disponíveis. No último trimestre, a absorção líquida somou 924 mil m², dos quais 45% já estavam pré-locados no momento da entrega.
O estoque de São Paulo, que representava 56% do total brasileiro, recuou para 48%. Regiões como Grande Recife, Grande Salvador, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre e diferentes polos de Santa Catarina registram novos projetos e alta absorção. Segundo Santos, a desconcentração reduz riscos e confirma a continuidade do ciclo positivo para o segmento logístico.