São Paulo – A Sabesp transferiu R$ 950 milhões ao Fausp (Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento no Estado de São Paulo) entre janeiro e outubro de 2025, após constatar que vinha cobrando uma tarifa 3,74% superior ao valor de equilíbrio fixado pela Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo).
O excedente foi resultado da mudança no modelo regulatório que passou a vigorar em julho de 2024, quando a empresa foi privatizada. Na nova metodologia, apenas investimentos já executados entram no cálculo tarifário (“backward looking”), substituindo o critério anterior que considerava obras futuras (“forward looking”).
Com os recursos depositados no Fausp, o governo paulista autorizou um reajuste de 6,11% nas contas de água e esgoto a partir de janeiro de 2026. Sem o fundo, o aumento seria 15% maior, segundo estimativas oficiais.
Apesar de o Fausp contar com um terço dos R$ 14 bilhões arrecadados na oferta de ações da companhia e com R$ 460 milhões em dividendos já recebidos pelo estado, apenas 0,026% desse caixa foi utilizado para conter o reajuste. A maior parte do colchão financeiro veio do montante transferido pela própria Sabesp.
Em relatório de dezembro de 2024, a empresa apontou que sua tarifa superava em 3,2% a chamada tarifa de equilíbrio, valor necessário para cobrir custos operacionais eficientes e remunerar o capital investido. Em setembro de 2025, a Arsesp atualizou o descompasso para 3,74%, desencadeando os repasses ao Fausp previstos em contrato.
Segundo o governo paulista, o cenário deve se inverter no próximo ciclo. Com o reajuste já definido, a tarifa cobrada ficará abaixo da de equilíbrio e o Fausp precisará devolver recursos à Sabesp de forma trimestral.
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A estratégia, de acordo com a administração estadual, é manter a modicidade tarifária enquanto a companhia investe mais de R$ 70 bilhões para universalizar os serviços de água e esgoto até 2029.
A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, afirmou que os repasses não indicam que as contas poderiam ter sido menores em 2024 e 2025, pois foi necessário ajustar investimentos previstos e não executados no antigo modelo “forward looking”.
Em nota, a Sabesp destacou que o reajuste autorizado representa apenas a recomposição inflacionária, sem aumento real, e que seus investimentos cresceram 151% em comparação ao período anterior à privatização.