O Tesouro Nacional suspendeu as negociações do Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (5) devido à forte volatilidade observada no mercado doméstico. O mecanismo de interrupção é acionado sempre que há oscilações bruscas nos preços dos títulos públicos, com o objetivo de proteger investidores de distorções momentâneas.
A instabilidade ganhou força depois que o portal Metrópoles noticiou que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria manifestado apoio à candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência da República em 2026. A informação elevou a incerteza política e pressionou as taxas de juros dos papéis federais.
Antes da suspensão, os títulos prefixados subiam de forma consistente:
• 2028: rendimento passou de 12,71% ao ano na véspera para 12,89% por volta das 13h30.
• 2032: taxa avançou de 13,13% para 13,46%.
• 2035 com juros semestrais: alta de 13,21% para 13,59%.
Nos papéis indexados à inflação também houve avanço:
• IPCA+ 2029: de 7,64% para 7,77%.
• IPCA+ 2040: de 6,82% para 7,02%.
• IPCA+ 2035 com juros semestrais: de 7,15% para 7,31%.
• IPCA+ 2050: de 6,74% na mínima do dia para 6,80%.
Imagem: Jefferson Rudy via infomoney.com.br
O clima de cautela se espalhou por outros mercados. O Ibovespa, que se aproximava de um novo recorde em torno de 165 mil pontos, perdeu pelo menos 4 mil pontos após a divulgação do rumor. O dólar avançou 2% e voltou ao nível de R$ 5,40.
Para Leopoldo Vieira, analista político da Idealpolitik, a reação imediata sugere receio de que a eventual candidatura de Flávio Bolsonaro favoreça a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afaste eleitores moderados.
A suspensão do Tesouro Direto é temporária e pode ser revertida quando as taxas se estabilizarem. Até o último levantamento, o Tesouro Nacional ainda não havia divulgado nova comunicação sobre o assunto.