A segunda fase do Concurso Nacional Unificado (CNU) 2025 foi aplicada neste domingo (7), mantendo o padrão da Fundação Getulio Vargas (FGV) de unir domínio técnico da legislação a reflexões sobre questões sociais.
De acordo com Luiz Rezende, coordenador pedagógico do QConcursos, a estrutura confirma a intenção do governo federal de selecionar servidores capazes de associar conhecimento específico a desafios nacionais.
Candidatos de nível médio produziram uma redação dissertativo-argumentativa. Nos blocos de nível superior, cada prova apresentou duas questões, com limite de 30 linhas para cada resposta. A extensão e o número de subitens levaram o professor Aragonê Fernandes, do Gran Concursos, a comparar os enunciados a “bonecas russas”.
No bloco 5 (administração), uma das questões pediu a avaliação de riscos éticos e de credibilidade institucional quando o governo utiliza linguagem típica de plataformas como o TikTok. O enunciado também solicitou uma estratégia de comunicação voltada ao público jovem. A outra questão exigiu domínio da legislação orçamentária aplicada a organizações da sociedade civil.
Segundo Júlia Branco, professora do Estratégia Concursos, a FGV procurou mensurar a capacidade de relacionar temas da área ao panorama social, incluindo desigualdades e políticas públicas.
Para o advogado Rafael Lima, 33, que concorre a vaga na área jurídica, a prova foi “mais interpretativa do que difícil”, exigindo análise crítica dos textos base. Já Carol Silva, 24, inscrita no bloco de aviação, relatou dificuldade ao redigir sobre mobilidade urbana: “Passo muito tempo em casa por causa de um auxílio-doença e quase não uso transporte público”.
Bloco 1 (seguridade social) – Participação social em saúde e assistência; atuação de equipes interdisciplinares para proteger vítimas de desastres climáticos.
Bloco 2 (cultura e educação) – Conectividade significativa e inclusão digital; cultura como tema transversal e políticas participativas.
Bloco 3 (ciência, tecnologia e economia digital) – Impactos da inteligência artificial no trabalho e propostas de mitigação; soberania digital e dados no Brasil.
Imagem: redir.folha.com.br
Bloco 4 (engenharia e arquitetura) – Sustentabilidade, inclusão, integração de profissionais em projetos de construção e saneamento básico.
Bloco 5 (administração) – Captação de recursos por organizações da sociedade civil e comunicação governamental em redes sociais.
Bloco 6 (desenvolvimento socioeconômico) – Evolução do mercado de trabalho brasileiro e, na segunda questão, análise do setor agropecuário, tema que alguns candidatos não esperavam.
Bloco 7 (justiça e defesa) – Estudo de caso em direito internacional público e humanitário; Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) e Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), além de funções de órgãos federais, estaduais e guardas municipais.
Bloco 8 (área intermediária de saúde) – Redação sobre ocupação irregular em grandes cidades, migrações internas e impactos na saúde, incluindo infraestrutura e saúde mental.
Bloco 9 (agências reguladoras, nível intermediário) – Papel do Estado e das agências na ampliação do transporte coletivo de qualidade, com destaque para não confundir atribuições estatais gerais com as específicas das agências.
Com a etapa discursiva concluída, o CNU segue o cronograma de correção das respostas e divulgação de resultados, ainda sem data alterada pelas autoridades organizadoras.