Senado dos EUA prepara audiência antitruste sobre compra de US$ 82,7 bi da Warner Bros. pela Netflix

O Senado norte-americano se mobiliza para realizar uma audiência antitruste depois que a Netflix anunciou, na sexta-feira, a aquisição de ativos de streaming e estúdio da Warner Bros. Discovery por US$ 82,7 bilhões.

O senador Mike Lee (Republicano de Utah), que preside o Subcomitê de Antitruste, Política de Concorrência e Direitos do Consumidor do Comitê Judiciário, afirmou que o processo de análise legislativa já está em andamento. Segundo ele, o acordo levanta “muitos sinais vermelhos” em matéria de concorrência e deve resultar em uma sessão “intensa” no Senado. A data da audiência ainda não foi definida.

Pelo negócio, a Netflix passará a controlar os estúdios de cinema e televisão da Warner Bros. Discovery, além de um extenso catálogo de filmes e séries, que inclui a HBO e o serviço de streaming HBO Max.

A senadora Elizabeth Warren (Democrata de Massachusetts) também criticou a fusão. Em publicação nas redes sociais, ela classificou o acordo como um “pesadelo antimonopólio” que poderia concentrar quase metade do mercado de streaming, pressionar preços para cima, reduzir opções de conteúdo e colocar empregos em risco.

Warren acrescentou que, sob o governo do presidente Donald Trump, o processo de revisão antitruste “se transformou em um poço de favoritismo político e corrupção” e cobrou do Departamento de Justiça o cumprimento rigoroso das leis antimonopólio.

No mês passado, Warren, Bernie Sanders (Independente de Vermont) e Richard Blumenthal (Democrata de Connecticut) enviaram carta ao Departamento de Justiça manifestando preocupação com a postura pessoal de Trump em relação a empresas de mídia, citando a amizade do presidente com o CEO da Paramount Skydance, Larry Ellison. Os senadores afirmaram que há especulação de que a oferta da Netflix possa enfrentar maior ceticismo devido ao histórico de doações da liderança da empresa a candidatos democratas.

Imagem: Alex Miller FOXBusiness via foxbusiness.com

O presidente Trump indicou que pode interferir diretamente na operação. No domingo, ao chegar ao Kennedy Center, ele declarou a jornalistas que a aquisição “pode ser um problema”, adiantando que discutirá o tema com economistas. “Eles já têm uma fatia muito grande do mercado e, com a Warner Bros., essa participação cresce bastante”, observou.

Em meio ao debate político, a atriz e ativista Jane Fonda afirmou que a venda da Warner Bros. Discovery “ameaça” a Primeira Emenda da Constituição dos EUA e alertou que Trump pode se beneficiar da operação.

Até o momento, não há previsão de quando o Departamento de Justiça concluirá sua análise ou quando o Senado fixará a data da audiência.