iFood vai à Justiça contra ex-executivos que migraram para a 99 por suposto uso de dados sigilosos

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O iFood ingressou com ações judiciais contra ex-executivos que trocaram a companhia pela 99Food, alegando que informações confidenciais estariam sendo empregadas pela rival para atrair restaurantes parceiros.

Donos de estabelecimentos com contratos de exclusividade relataram que, em reuniões promovidas pela 99, representantes da empresa chinesa apresentaram dados como faturamento, tíquete médio, multas previstas para rescisão e prazo de vigência dos acordos com o iFood — detalhes aos quais somente a plataforma líder e os proprietários teriam acesso.

Em nota, o iFood informou ter “identificado o uso de informações sigilosas relacionadas a seus restaurantes parceiros de forma ilegal”.

A 99 declarou que leva “esse tipo de relato com seriedade” e que “não tolera nem endossa qualquer conduta inadequada envolvendo dados externos obtidos por meios ilegais”. Afirmou ainda estar confiante de que suas práticas seguem a legislação e atribuiu as acusações à maior competição no setor.

Disputa acirrada no delivery

O mercado de entregas vive uma escalada de rivalidade após o retorno da 99 ao segmento e a estreia da chinesa Keeta em São Paulo. As empresas trocam acusações de espionagem, furto de informações e assédio a funcionários de concorrentes.

Os contratos de exclusividade, já investigados pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), são um dos principais focos da disputa. No mês passado, restaurantes que romperam acordos com o iFood relataram queda brusca no faturamento, que atribuem a suposta retaliação do aplicativo.

Ações contra ex-funcionários

Pessoas familiarizadas com o setor afirmam que pelo menos cinco ex-colaboradores do iFood que ingressaram na 99 são alvo de processos. Em meados do ano, a empresa acionou um ex-executivo que havia assinado cláusula de não competição de seis meses. A Justiça do Trabalho determinou que ele deixasse a 99 sob pena de multa diária de R$ 500. O profissional se desligou e firmou acordo, sem menção a uso indevido de dados.

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Imagem: redir.folha.com.br

Em outubro, a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão em Piracicaba (SP) contra outro ex-funcionário acusado pelo iFood de transferir informações internas para dispositivos pessoais. Celulares, computadores e pendrives foram recolhidos; a perícia ainda está pendente, e o investigado nega as acusações.

Segundo fontes ligadas às investigações, um terceiro ex-colaborador que passou para a 99 também teria compartilhado arquivos internos próximos à sua saída do iFood, fato que originou reclamação trabalhista e inquérito.

Limites legais

O advogado trabalhista Mauricio Corrêa da Veiga lembra que profissionais podem levar experiência e conhecimento geral ao trocar de emprego, mas dados estratégicos — como segredos comerciais, preços e contratos — não podem ser repassados. Caso uma concorrente utilize documentos obtidos de forma irregular, pode responder civil e criminalmente por concorrência desleal. Ele destaca ainda que cláusulas de não competição precisam estar expressas no contrato; sem essa previsão, o funcionário pode mudar de empresa, desde que mantenha o sigilo.

O iFood afirma que eventuais quebras de protocolo interno são tratadas “com rigor”, inclusive na esfera judicial.

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