Brasil já calcula efeitos de eventual ofensiva dos EUA contra a Venezuela

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São Paulo – O governo brasileiro acompanha a escalada militar dos Estados Unidos no Caribe e começou a medir possíveis consequências para o país caso a Casa Branca lance uma ação armada contra a Venezuela.

Presença militar norte-americana

O presidente norte-americano, Donald Trump, enviou uma frota de grande porte para a região caribenha, concentrou aviões em Porto Rico e reforçou tropas nas proximidades da Venezuela. Até o momento, as medidas incluem:

  • anúncio de bloqueio aéreo, ainda sem detalhes operacionais;
  • apreensão de um petroleiro venezuelano;
  • recuo forçado de um navio russo;
  • denúncias de Caracas sobre ataques cibernéticos;
  • decreto de bloqueio naval voltado a petroleiros listados em sanções impostas por EUA e aliados.

Apesar do aumento da pressão, Washington não definiu publicamente objetivos claros para uma eventual vitória nem mobilizou tropas suficientes para uma invasão, segundo analistas de institutos militares. As hipóteses mais citadas são ataques pontuais contra bases de traficantes e instalações da Guarda Bolivariana, realizados por via aérea ou por forças especiais.

Impacto econômico em Caracas

Relatório divulgado em dezembro pela Transparência Venezuela, organização que atua no exílio, indica que cerca de 40% dos navios que transportam combustíveis do país estão sob sanções, navegam sem identificação ou operam de forma clandestina. Caso perca o acesso a quase metade da exportação de petróleo, o governo de Nicolás Maduro enfrentará uma “economia de guerra” num quadro já marcado por falência e escassez. Além disso, a falta de espaço para armazenar óleo não comercializado pode reduzir ainda mais a produção.

Fluxo migratório ao Brasil

Desde 2015, aproximadamente 732 mil venezuelanos ingressaram no território brasileiro, de acordo com a Plataforma de Coordenação Interagências para Refugiados e Migrantes (R4V), que reúne agências da ONU, ONGs e entidades religiosas. Dados de outubro do Observatório das Migrações Internacionais — parceria entre a Universidade de Brasília e o Ministério da Justiça — contabilizam quase 493 mil registros ativos de migrantes da Venezuela.

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Imagem: redir.folha.com.br

O Censo 2010 registrava 2,9 mil venezuelanos no país; no recenseamento de 2022, o número saltou para mais de 217 mil, o equivalente a 27% da população estrangeira residente. Ainda hoje, chegam cerca de 8 mil venezuelanos por mês, o que acende o alerta para uma nova emergência humanitária caso a crise se agrave.

Diplomacia e mediação

Brasília busca normalizar as relações com Washington após tensões herdadas do governo Jair Bolsonaro, tentando evitar novas fricções. Paralelamente, analisa a possibilidade de atuar como mediadora no conflito. Em 2024, tentativa semelhante foi rejeitada pelo governo chavista, que chegou a chamar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “agente da CIA”.

Com histórico de aproximação do Partido dos Trabalhadores ao chavismo, o Planalto precisa formular rapidamente uma estratégia para lidar tanto com a crise venezuelana quanto com a pressão norte-americana sobre países do que Washington considera seu “quintal”.

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