O empresário Saul Dutra Sabbá, antigo controlador do Banco Máxima — vendido em 2021 a Daniel Vorcaro e rebatizado como Banco Master — firmou um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com o Ministério Público Federal (MPF) para não responder à condenação por gestão fraudulenta.
O acerto, que prevê o reconhecimento de ilegalidades e a substituição da pena pelo pagamento de 70 salários mínimos (valor superior a R$ 100 mil), ainda depende de homologação da Justiça Federal. A audiência foi marcada para 5 de fevereiro.
Em abril de 2025, Sabbá recebeu sentença de três anos de reclusão, em regime inicial aberto, proferida pelo juiz Nilson Martins Lopes Júnior, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. A decisão atendeu denúncia apresentada em 2021 pelo MPF, com base em relatórios do Banco Central e investigações da Polícia Federal.
Segundo a acusação, entre 2014 e 2016, dirigentes do Máxima teriam realizado manobras contábeis para mascarar prejuízos. Entre elas, a concessão de empréstimo a uma empresa do setor imobiliário, cujos recursos foram usados por terceiros para adquirir cotas de um fundo onde o banco era único cotista, gerando valorização artificial de 126% nos registros do balanço.
Apesar da operação, o banco terminou o segundo semestre de 2014 com prejuízo superior a R$ 5 milhões. Outros ex-diretores foram absolvidos no mesmo processo.
Durante o processo, o Ministério Público se opôs ao acordo por considerar grave o crime imputado. No entanto, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) arquivar parte das acusações contra a cúpula do Máxima, a 2ª Câmara de Coordenação e Revisão (2ª CCR) do MPF determinou a celebração do ANPP.
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O instrumento jurídico permite acordo em crimes sem violência ou grave ameaça, com pena mínima inferior a quatro anos, mesmo em ações iniciadas antes da vigência da lei anticrime, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal.
As apurações envolvendo o Banco Master e Daniel Vorcaro tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Dias Toffoli. Em 3 de dezembro, o inquérito que corria na Justiça Federal do Distrito Federal foi transferido ao gabinete do ministro, que decretou sigilo elevado sobre o caso.
A defesa de Saul Sabbá não comentou o acordo.