Caso Master: linha do tempo detalha negócios do banco e seus desdobramentos no Judiciário

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O enredo que envolve o Banco Master, controlado pelo empresário Daniel Vorcaro, atravessou o Banco Central (BC) e alcançou o Supremo Tribunal Federal (STF), provocando questionamentos sobre a relação da instituição financeira com integrantes do Poder Judiciário. A seguir, veja a sequência completa dos acontecimentos.

Cronologia

28 de março — O Banco de Brasília (BRB) anuncia acordo para comprar 58% do Banco Master por cerca de R$ 2 bilhões, após aval do seu conselho de administração.

31 de março — O presidente do BC, Gabriel Galípolo, reúne-se com o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, para discutir a operação.

1º de abril — O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) instaura inquérito civil a fim de apurar a compra, já que o governo distrital é o maior acionista do BRB.

5 de abril — Galípolo convoca encontro extraordinário com os quatro maiores bancos privados do país para buscar solução aos ativos de maior risco que ficariam fora da aquisição. Cogita-se o uso do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

7 de abril — O Tribunal de Contas da União (TCU) abre processo para verificar eventual omissão do BC em operações entre o Master e fundos de estados e municípios.

11 de abril — Galípolo tem reunião com Daniel Vorcaro; o banqueiro participa de outras conversas com diretores da autoridade monetária.

29 de abril — Questionado sobre possível contágio ao sistema financeiro, Galípolo descarta risco sistêmico.

30 de abril — O MPDFT ajuíza ação civil pública contra a aquisição e pede liminar para barrar o contrato.

6 de maio — Justiça do Distrito Federal impede o BRB de assinar o acordo de compra.

9 de maio — O BRB derruba a liminar e volta a ter caminho livre para fechar o negócio.

13 de junho — O banco brasiliense entrega ao BC documentos pendentes, dando início ao prazo formal de análise.

17 de junho — A Superintendência do Cade aprova a operação sem restrições; falta apenas o sinal verde do BC.

19 de julho — Galípolo volta a se encontrar com Vorcaro para tratar da etapa final do processo de autorização.

13 de agosto — O Tribunal de Justiça do DF suspende a compra até que a Câmara Legislativa local e os acionistas do BRB deliberem sobre o tema.

19 de agosto — A Câmara Legislativa do DF aprova a aquisição.

2 de setembro — Partidos do Centrão, entre eles o PP, lançam na Câmara dos Deputados projeto que dá ao Congresso poder de demitir diretores e o presidente do BC.

3 de setembro — Após cerca de cinco meses de avaliação, o BC rejeita a compra do Master pelo BRB.

30 de setembro — A Folha informa que a Polícia Federal (PF) abriu inquérito sobre o banco depois de receber dados encaminhados pelo BC ao Ministério Público Federal.

7 de outubro — Vorcaro faz videoconferência com o diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino. No mesmo dia, Galípolo recebe em Brasília o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.

Caso Master: linha do tempo detalha negócios do banco e seus desdobramentos no Judiciário - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

17 de novembro — A Fictor propõe comprar o Master em parceria com um consórcio dos Emirados Árabes não identificado, oferta sujeita a BC e Cade. À noite, a PF prende Vorcaro e o sócio Augusto Lima em São Paulo quando se preparavam para voar a Dubai. A Operação Compliance Zero aponta fraude de R$ 12 bilhões.

18 de novembro — O BC decreta liquidação extrajudicial do Master. O FGC poderá desembolsar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões para garantir depósitos.

20 de novembro — A desembargadora Solange Salgado, do TRF-1, nega habeas corpus a Vorcaro.

28 de novembro — A defesa pede que o inquérito vá ao STF; o caso é distribuído ao ministro Dias Toffoli. No mesmo dia, Toffoli viaja a Lima, no Peru, em jato particular com o advogado de um diretor do Master para assistir à final da Taça Libertadores. Ainda nessa data, Solange Salgado determina a soltura de Vorcaro, que passa a usar tornozeleira eletrônica.

29 de novembro — Vorcaro deixa a prisão.

2 de dezembro — Toffoli impõe sigilo elevado ao pedido da defesa para que o STF assuma a investigação.

3 de dezembro — O ministro define que todas as diligências relativas ao caso serão avaliadas por ele.

4 de dezembro — A CPMI do INSS aprova a convocação e a quebra de sigilos de Vorcaro.

11 de dezembro — O Globo revela que o Master pagava R$ 3,6 milhões mensais ao escritório de familiares do ministro Alexandre de Moraes para defender interesses do banco, valor que poderia chegar a R$ 129 milhões até 2027. Advogados afirmam que a cifra supera a média de mercado.

12 de dezembro — Toffoli retira da CPMI os arquivos com mensagens de celular de Vorcaro.

15 de dezembro — O ministro autoriza retomada das investigações e estipula 30 dias para oitivas de investigados e de dirigentes do BC; materiais apreendidos permanecem em seu gabinete.

16 de dezembro — Mais de 200 representantes da sociedade civil divulgam manifesto pedindo código de conduta para ministros do STF, após reportagens sobre relações de integrantes da Corte com o Master.

18 de dezembro — O ministro Jhonatan de Jesus, do TCU, considera a liquidação possivelmente precipitada e dá 72 horas para o BC justificar a medida.

22 de dezembro — Reportagem aponta que Moraes contatou Galípolo ao menos quatro vezes para tratar do Master; uma das conversas ocorreu presencialmente em julho.

23 de dezembro — Moraes e o BC divulgam notas separadas afirmando que o encontro presencial discutiu efeitos da Lei Magnitsky.

Patrocínios e eventos — Antes da crise, o Master patrocinava encontros jurídicos, como o 1º Fórum Jurídico Brasil de Ideias, em Londres, em 2024, que reuniu ministros do STF, do STJ e integrantes do governo federal.

A série de episódios mantém o Banco Master no centro de questionamentos sobre a atuação de órgãos de controle e a proximidade entre o setor financeiro e o Judiciário.

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