Brasília – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, negou ter feito seis ligações telefônicas em um mesmo dia para o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a fim de discutir a compra do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília). A informação sobre os telefonemas foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Em nota divulgada na noite de terça-feira (23), Moraes afirmou que “inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto”. O magistrado confirmou apenas dois encontros presenciais com Galípolo, em 14 de agosto e 30 de setembro, cujo tema, segundo ele, foi “os efeitos da aplicação da Lei Magnitsky”, que gerou sanções financeiras do governo dos Estados Unidos contra o ministro e sua esposa, Viviane Barci de Moraes.
A reportagem do Estado relata que os seis telefonemas fariam parte de ao menos cinco conversas mantidas entre Moraes e Galípolo sobre o Master. O veículo cita fontes do meio jurídico e do mercado financeiro que teriam ouvido relato de um dos participantes.
Antes, a colunista Malu Gaspar, de O Globo, já havia informado sobre quatro contatos telefônicos entre o ministro e o presidente do BC a respeito do mesmo assunto. As notícias provocaram cobranças de explicações por parte de parlamentares da oposição.
Reportagem do Globo apontou que o escritório Barci de Moraes Sociedade de Advogados, que tem a esposa e dois filhos do ministro entre os sócios, firmou contrato de R$ 3,6 milhões mensais com o Banco Master por 36 meses, totalizando até R$ 129 milhões se executado até 2027. Moraes declarou que o escritório “jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central”.
O Banco Central decretou a liquidação do Master em 18 de novembro. No mesmo dia, o controlador da instituição, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal sob suspeita de fraudes de R$ 12 bilhões. Dias depois, a juíza Solange Salgado da Silva, do TRF-1, concedeu liberdade a Vorcaro, que passou a usar tornozeleira eletrônica.
Imagem: redir.folha.com.br
Também na terça (23), o Banco Central divulgou comunicado confirmando reuniões com Moraes para tratar da Lei Magnitsky, sem detalhar datas ou participantes e sem mencionar eventual pressão sobre a compra do Master pelo BRB. Os encontros não constam na agenda pública de Galípolo nem na dos oito diretores do BC.
No registro oficial de compromissos do presidente do BC, o nome de Moraes aparece apenas em 29 de setembro, quando ambos compareceram à posse dos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes nos cargos de presidente e vice-presidente do STF e do CNJ, respectivamente, sem indicação de reunião privada.
Em novo pronunciamento, Moraes reiterou não ter visitado o Banco Central nem feito ligações ao presidente da autoridade monetária “para esse ou qualquer outro assunto”.